Quem Somos Nós

Certo dia, num bate-papo com um colega tentávamos traçar um perfil psicológico dos médicos, e em particular dos pediatras quando fomos interrompidos. Fiquei curioso e em casa procurei respostas nos tratados de Freud para entender porque nós pediatras continuávamos a acreditar em nossos governantes, na melhoria de salários e no Sistema de Saúde. Seria fixação na primeira infância? Continuávamos a acreditar em Papai–Noel, cegonha e contos de fadas?

Trilhei a seguir o mundo do cinema, e tentei me identificar com o E. T, Estranho no Ninho ou Blade Runner.

Seríamos talvez masoquistas com os sentimentos de culpa enraizados culturalmente pelas várias tendências religiosas que nos ensinaram que deveríamos sofrer para ganhar o reino do céu?

Seria carma então ser pediatra?

Nas artes plásticas me senti como um quadro impressionista ou surrealista, admirado, porém pouco entendido.

Na literatura reli Maquiavel e busquei um paralelo entre o complexo sistema político-econômico brasileiro e nós, pediatras.

Já estava me dando por vencido quando senti que as respostas não estavam no mundo exterior.

Olhei então para dentro de mim, e descobri que era apenas um ser humano que ainda acreditava no Amor como a única razão para se viver. Assim seríamos, e somos, todos nós pediatras.

Roberto Passos do Amaral Pereira
Enviado por Roberto Passos do Amaral Pereira em 10/12/2005
Reeditado em 25/11/2011
Código do texto: T83507