O JEITINHO BRASILEIRO DE SER

Deito pra dormir e o sono não vem. Reviro-me em torno da cama, sobre os lençóis, mas não consigo deixar de pensar. Penso, penso e repenso. Deve ser falta de vergonha na cara, de insanidade mental, algo parecido ou sei lá.

Vivemos em um circo, a céu aberto, e nós, infelizmente, somos os palhaços. Às vezes também somos espectadores. Temos gostos variados, aplaudimos, por vezes vaiamos, mas nunca descemos daquela arquibancada horrenda para lutar nossos direitos. Afinal, conhecemos nossos direitos? Estão rindo de nós! Só pode. Devem estar brincando. Somos os insólitos e indefesos palhaços. Nos assaltam, nos roubam, nos matam.

Sou honrado por minha nação. Carrego comigo um orgulho único ao dizer que sou brasileiro, é o mesmo quando digo que sou gremista, que gosto de mulher bonita e tal. Mas somos brasileiros, e brasileiros tem jeitinho pra tudo. Está sem dinheiro? Um jeito resolve. Fácil, fácil! Com insônia? Moleza! Endividado? Poxa! Não há de ser nada. E então caímos na absoluta certeza de que podemos fazer, mesmo não podendo, e que depois demos aquele jeitinho. Aquele nosso. Sabe? Brasileiro.

Milionários políticos corruptos, desigualdade social, preconceito em potencial, analfabetismo por falta de oportunidade?, ignorância é um mérito, tráfico de drogas por fácil acesso, e nós? Perplexos! É visível nosso desconforto. Mas nada fizemos! Temos o que fazer?

Acostumamos com esta “porcalha”, mas não podemos aceitar, não somos obrigados a concordar. Não deveríamos.

Tenho saudade das caras pintadas, do início da década de 90, do patriotismo, da busca pelo ideal, de Romário, da minha adolescência confusa.

Momentos que passam na vida não voltam, temos que fazer o melhor, para que num futuro próximo sintamos ao menos saudade. Saudade de um tempo que não volta mais.

Meu Brasil brasileiro..