Anjo Caído

Você conhece a história, certamente uma das mais famosas da mitologia Cristã. Lúcifer, insatisfeito com a atenção dada por Deus aos humanos resolve se rebelar contra o criador, acaba perdendo a guerra, caindo na terra e iniciando o que hoje conhecemos como inferno. No entanto, quando analisado pela ótica atual, Lúcifer talvez seja um dos personagens mais injustiçados da história, provavelmente alguém que teve os fatos distorcidos pelo lado vencedor.

Imagino que a versão atualizada seria algo mais ou menos assim:

Em vez de um arcanjo hoje ele é um Gerente, ou mesmo um Gerente Sênior de uma grande empresa, o que combinar melhor com a história. Luís Ciffer* começa a ficar insatisfeito com as decisões tomadas pelos seus superiores. Mas Luís é um bom funcionário, leva suas preocupações para a alta gerência de maneira construtiva, eles prometem analisar, o tempo passa mas nada acontece. Então começam contratar pessoas sem qualificação para o trabalho, a coisa pesa mais ainda para Luís porque seu time agora tem que fazer seu próprio trabalho e ainda corrigir os erros dos outros. A situação chega a um ponto insuportável para Luís. Como iniciar uma rebelião não algo aceitável nos dias de hoje, vamos cortar essa parte. Mas o que Luís faz é pedir demissão, decide que não vai mais compactuar com o sistema, que não vale a pena, afinal deve haver um lugar melhor lá fora. Seu plano é trabalhar para a concorrência.

É aí que a história fica interessante, porque tardiamente ele se dá conta que não existe concorrência, um dos problemas de se trabalhar para um monopólio. A alternativa então? Começar a sua própria empresa. O seu diferencial são os valores da companhia, sua empresa é fundada em princípios conectados com a natureza humana, vendendo exatamente o que queremos comprar. Além do mais, Luís é um sujeito carismático, conversa daqui, conversa dali, consegue levar mais alguns insatisfeitos para trabalhar com ele. E rapidamente a sua companhia se torna um sucesso. Com o tempo, a competição com sua empresa anterior se torna acirrada. Ainda que não concorram no mesmo mercado, competem pelos mesmos profissionais. Seus adversários começam então uma campanha de difamação, espalham que ele tem problemas com autoridade, que tem um ego maior do que o mundo, coisas do gênero. Mas aí já é tarde demais.

Pegaram o quadro?

Na minha visão, o inferno hoje em dia seria algo como o Google, crescendo a uma média de 500% ao ano, só que com menos computadores. Ainda que o pessoal do Google tenha sido muito melhor sucedido no seu Marketing. Luís seria alguém genial porém polêmico, a indústria de TI tem vários exemplos de personalidades como essa, Steven Jobs, Bill Gates, Larry Ellison, escolha o seu.

E no final das contas o empreendedorismo de Luís pode ser resumido em uma frase, de sua própria autoria: "É Melhor Reinar no Inferno do que servir no Céu".

As vezes me pego pensando nela.

*trocadilho roubado do filme Coração Satânico

[]s

Jack DelaVega

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