O SENTIDO DA VIDA

Bagagem todos nós temos, para isso, basta termos um pouco de vivência ou de vida. Com algumas décadas vividas, teremos uma pequena bagagem de sobra para medir e pesar os fatos, porém caráter, hombridade e índole, não se adquirem, trazemos conosco ao nascer.

O conjunto das qualidades boas ou más de um indivíduo, é que lhe determinam a conduta e a concepção moral.

O viver, o contato, o relacionamento humano, isto é tudo.

Basta que reparemos a diferença que há entre as pedras que estão na nascente de um rio, e as pedras que estão em sua foz.

As pedras na nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas.

À proporção que elas vão sendo carregadas pelo rio, sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras, ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desbastadas, tomam outra forma.

As arestas vão sumindo, elas ficam mais orgânicas, menos toscas, mais suaves, lisas, e o melhor: vão ficando cada vez mais parecidas com as outras, sem necessariamente serem iguais.

Quanto mais longo o curso do rio, mais evidente é o fenômeno.

Com a nossa vida é a mesma coisa, acontece o mesmo.

Se nos permitimos estar em contato com as pessoas, sendo conduzidos pelo rio da vida, vamos, no atrito positivo -(contato)- com o próximo, eliminando arestas, desbastando diferenças, parecendo-se e harmonizando-se mais uns com os outros, sem necessariamente perdemos nossa identidade.

Não nego que alguns desses contatos e atritos nos deixam marcas, tiram lascas de nós.

Mas mostre um coração sem marcas e lhe mostro um coração que não amou que não viveu.

Um coração que não chorou, nem sentiu dor, um coração sem sentimentos.

E sentimentos são o tempero de nossa existência, sem eles, a vida seria monótona, árida.

O fato é que não existem sentimentos, bons ou ruins, sem a existência do outro, sem o seu contato.

Passar pela vida sem se permitir o contato próximo com o outro, é não crescer, não evoluir, não se transformar.

É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.

Quando olho para trás, vejo que hoje carrego em meu ser, várias marcas de pessoas extremamente importantes, pessoas que, no contato com elas, me permitiram ir dando forma ao que sou, eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais harmônico, mais integrado.

Outras, sem dúvida, com suas ações e palavras me criaram novas arestas, que precisaram ser desbastadas. São reveses momentâneos, servem para o crescimento, a isso chamamos experiência.

Começamos a jornada da vida como grandes pedras, cheias de excessos.

Os seres de grande valor percebem que ao final da vida foram perdendo todos os excessos que formavam suas quinas, se aproximando cada vez mais de sua essência, e vão ficando cada vez menores.

Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de Deus, é que finalmente nos tornamos grandes em valor.

Já viu o tamanho do diamante? Sabes quanto se tira de excesso para chegar ao seu âmago? É lá que está o verdadeiro valor.

Pois Deus fez a cada um de nós com um âmago bem forte e muito parecido, constituído de muitos elementos, mas essencialmente de amor.

Deus deu a cada um de nós essa capacidade, a de amar.

Mas temos que aprender como, para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir desbastando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.

Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins.

Não entendia que ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção e do aprendizado do amor.

Não compreendia que se aprende a amar os sentido e superando-os. Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento, e envolvimento gera.atrito.

Devemos, portanto ter atrito. Não existe outra forma de descobrir o amor, e sem ele a vida não tem significado.

Se você acha que não, veja as palavras do apóstolo Paulo:

- “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine".

“E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria”.

“E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria”.

Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros.

RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA
Enviado por RONALDO JOSÉ DE ALMEIDA em 25/01/2008
Reeditado em 08/02/2008
Código do texto: T831835
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