Francisco, o peregrino

Foi hoje. Sem alarde, como quem não quer perturbar a casa que sempre quis em paz, o Papa Francisco se despediu da vida. Não houve trovões nem clarins — apenas um silêncio profundo, daqueles que reverberam mais do que mil discursos. Foi embora do jeito que viveu: simples, firme, e com o coração voltado para os outros.

Francisco não precisou de coroas nem de tronos. Bastou-lhe o gesto. Um abraço, um sapato gasto, uma palavra que cabia nas ruas. Quando falava de justiça, parecia que era a própria voz dos esquecidos. Quando falava de Deus, havia sempre um lugar à mesa para quem não se achava digno de sentar.

Veio do fim do mundo, como ele mesmo disse, mas soube ocupar o centro das questões mais urgentes — a fome, a desigualdade, o desmatamento, a guerra, o medo. Não quis um mundo de mármore, mas de barro moldado com ternura e coragem.

Agora se vai, mas deixa o mundo com um mapa nas mãos. Um mapa desenhado com valores e esperança, com fé que caminha de pés descalços. Um legado que nos pede continuidade. Porque acreditar num mundo melhor, mais justo e mais humano, não era só um sonho dele. É uma tarefa nossa.

Que Deus o receba com a mesma delicadeza com que ele acolheu tantos neste mundo.

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Uma pequena crônica em reverência ao Papa Chico - MAP - 21/04/2025

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 21/04/2025
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