O velho Sr. Tibúrcio

Uma Lenda na Cidade Pequena

Conta-se que em uma cidade pequena, com menos de 4.000 habitantes, vivia um senhor de face cansada, mas muito respeitado por todos. O velho Sr. Tibúrcio era dono de uma venda que comercializava de tudo. O mais consumido em sua loja eram pinga e outras bebidas alcoólicas, mas seu verdadeiro sustento vinha da sua habilidade de fazer e consertar arreios de cavalos e burros. Produto que tinha uma forte demanda na redondeza, afinal a cidade era um polo rural. O principal meio de transporte lá, era cavalos e burros. Nesta especialidade, ele não tinha concorrentes.

Corria o boato também que ele era o fundador de uma das ruas localizadas às margens do rio que cortava a cidade ao meio. Essa rua era chamada de Rua da Luz Vermelha, por causa das prostitutas que moravam lá e faturavam com os moradores mais atirados e outros vindos das roças e fazendas dos arredores, e, claro, dos viajantes que por ali passavam.

Sr. Tibúrcio também foi vereador da cidade e seus principais projetos que deram certo incluíam o MOBRAL para adultos, onde se alfabetizou centenas de trabalhadores rurais e seus filhos. Para realizar as aulas aproveitavam o horário noturno do colégio local, que não tinha função neste horário. Ele trouxe também a luz elétrica para o povoado, um feito que transformou a vida de muitos.

Após a morte da esposa e a partida do neto para a capital, ele se entregou à bebida e foi definhando aos poucos. Sua morte deixou a cidade triste, principalmente as mulheres que viviam na Rua da Luz Vermelha, local onde ele deu o seu último suspiro. Assim caro leitor, vou terminar essa crônica, baseada em um breve relato da história do Sr. Tibúrcio fazendo uma confissão, que entre outros papéis sociais que ele ocupou nesta vida, o de maior relevância pra mim, foi que ele era também meu querido avô.

Quem passa por lá pode reconhecê-lo em um busto localizado na entrada da prefeitura, uma escultura doada pela comunidade em homenagem a este distinto senhor, que tanto fez pela pequena cidade.