Morrer
Morrer!
A melhor hora de morrer, penso, apesar de discordâncias, é no tempo em que há, ainda, funções biológicas sustentáveis, controle relativo do equilíbrio motor, um tanto de lucidez, nem precisa ser absoluta, a capacidade de perceber, compreender o que ocorre no entorno corporal e social.
Em termos cronológicos, um bom tempo de morrer, de maneira geral, é entre 80 e 100 anos. Tá bom.
Morrer de repente tem suas vantagens, mas inconvenientes, não se organiza o que vai ficar para trás, não despede, desculpa, nem pede perdão para as pessoas queridas, amigas. Morrer devagarinho tem inconvenientes, o sofrimento, mas tem a vantagem de poder se organizar, despedir... tenho um amigo que fez duas feijoadas para os amigos antes de morrer...
Na vida real, longe da ficção, da crônica, não é demérito ter medo de morrer. Todo ser vivo tem, seja qual for sua denomição: cristã, espiritualista, mulçumana, ateu, sei lá mais o que. O ser vivo é conservador, quer manter-se vivo indefinidamente, ficar para semente... para o ser humano, um pouco mais complicado, por causa da sua natureza emocional, é muito mais difícil imaginar falecer e deixar para trás todas as vinculações afetivas!
Morrer.
O compromisso da vida é conseguir levar adiante, até o limite sustentável, o ciclo existencial de maneira confortável, segura, quiçá feliz... e um dia, uma hora, um dado instante... morrer!