Dois dedos de prosa
Nunca tinha pensado nisto antes, mas deve de por aí haver gente que leia uma notícia de jornal e dela arranque as suas crõnicas.
E eis onde mora o perigo. Pois não é a crônica meramente informativa, mas por excelência reflexiva. E aqui está a diferença fundamental entre um texto jornalístico e a dita/lida cuja.
(Ademais, um cronista pouco observador e desinformado é o mesmo que uma piada sem ouvidos e imaginação.)
Por exemplo: "Morre em acidente com moto o Desempregado José do Nome Inventado." O restante chega em seguida: "35 anos, casado e pai de 6 filhos." Como foi? Atropelado. Motivo de ordem maior? Estava bêbado.
Disso intera-se o jornalista.
Porém, o cronista, primo distante (ou cliente da amiga do irmão da mulher) do falecido, pode acercar-se do outro motivo que arrastou o pobre homem à bebedeira: O chifre.
A partir daí, poderia muito bem, a excluir nomes, o que é mais recomendável, diria, o cronista falar, sob uma ótica moralista ou existencial, acerca do amor com respeito ou do amor a nada, ou mesmo, esquecendo a infeliz premissa ou notícia, sobre um dos efeitos colaterais advindo das cerveja ou da cachaça: Propagandas com a mulherada semi-nua, praticamente conectada a uma cadeira de bar, servida assim... como um tira-gosto, quem sabe!
Bom, e aqui está: Uma cronicazinha curta de modo a caber em um grande jornal.
a 14-08-07