PORQUE QUANDO A ESMOLA É GRANDE O SANTO DESCONFIA.
Não se trata de orgulho bobo e infantil, mas quando se recebe uma boa oferta inesperada, o ideal é sempre ficar com uma "pulga atrás da orelha", ou seja, um pouco desconfiado. Só que não foi isto que aconteceu com a minha família e eu também que de nada desconfiamos. Vamos ao que ocorreu: A minha primeira viagem longa foi uma frustração total. A duração da viagem da minha cidade para a capital, onde eu iria estudar era de oito hora, aproximadamente. Com muito esforço, juntando os nossos trocados iríamos comprar a passagem. Só que, neste ínterim, o marido da minha irmã, um motorista muito conhecido do condutor daquele transporte se prontificou a conseguir com que eu viajasse de graça. Meus pais e eu vimos quando ele conversou e combinou a gratuidade da minha passagem com o (ir) responsável daquele ônibus. Feito as despedidas, embarque confirmado e a partida aconteceu entre lágrimas e apreensão. E esta se confirmou logo na primeira parada. Com todos os assentos lotados, aquele condutor não pensou duas vezes ao me tirar da minha zona de sossego e falar com ironia: "Oh, garoto, cunhado do meu amigo, a partir de agora você vai respirar um ar mais puro na parte superior do nosso ônibus". A parte superior de que ele falava era junto com as bagagens e animais no teto daquele transporte rústico. Além da total falta de conforto e segurança e da chuva que caía, não é nem necessário dizer o "inferno" que foi aquela viagem. Foi o voto de confiança mais infeliz que a nossa família deu a uma pessoa que também não teve culpa também de confiar em terceiros. Pronto, postei!