Um beijo, São Paulo. Um beijo, Mulher

Ando por São Paulo a esmo. Mergulho nas ruas, me afogo nos bares e vejo o rebolado das mulheres.

São Paulo palpita vida.

Ando pelas ruas de noites desertas cheias de janelas e vagalumes. Me embebedo da solidão e às vezes vejo algumas estrelas.

Tropeço nas calçadas sempre em reforma e reformo meus passos. Procuro na diversidade a antiga sensação.

A noite de São Paulo me leva aos becos escuros e as baladas dos famosos. Tem arte, os quatrocentões, riqueza e pobreza, um mundo inteiro em apenas uma rua. São paulistas, são-paulinos, paulistanos. Brancos, negros, mestiços. Velhos e novos baianos. Oceano de asfalto.

Vago nas lembranças das avenidas e seus semáforos, o pulsar dos gozos nos apartamentos, o cheiro da mulher amada pairando. Vejo a japonesa loira e me lembro dela. A morena de cachos e me lembro dela. A mulher no salto.

São Paulo anda de salto. É altiva, mesmo no buraco. É rica, mesmo na esmola. É festa, mesmo no enterro.

São Paulo de sangrentos horizontes e beijos nas ruas. De motos, carros e encontros de amantes. São Paulo de camelôs e Oscar Freire. Ela, Daslu.

São Paulo me encanta com seu canto e canto seu canto em qualquer canto. São Paulo me chama. É chama e calor mesmo no frio garoento da madrugada, batuca como os índios chamando para a guerra, ressona leve para correr para a vida. Para o trabalho. Para o desfrute. Para os braços da mulher amada.

Um beijo, São Paulo. Um beijo, Mulher.