60 de milhões
Sempre acreditei no poder do compartilhamento, no quanto a experiência de uns pode ajudar outros e assim vivermos para mudarmos e sermos cada dia mais fortes para passarmos pelos bons e maus momentos da vida.
E assim aconteceu quando Mariete, minha grande amiga de vida, convidou alguns amigos para, juntos, comemorarem a sua data em Búzios. Por que se, para alguns fazer aniversário é algo corriqueiro; para outros trata-se do início de uma fase dourada aberta para criar e recriar a vida. Era o caso dela.
Com uma organização impecável e foco como só ela tem, avisou que a casa, uma linda e aconchegante morada, já havia sido alugada por ela para abrigá-los. Fez os convites individuais, criou um grupo no whatsap e “mandou ver”, bem ao seu estilo digital. A aceitação veio de imediato e, no último dia 08 de fevereiro, lá estávamos nós no aeroporto rumo à uma das melhores experiências pelas quais passei.
Apesar do refino na organização prévia, não havia regras determinadas, exceção à um Manual de Convivência que formulei e divulguei uns dias antes de forma bem humorada, que não foi levado muito a sério. Mas não foi preciso, pois os sete dias provaram que amizade, bom humor e cooperação conjugam perfeitamente.
Variávamos de idade (de 23 a 83 anos), de gostos e atitudes e nada era mais notório do que a flexibilidade de todos quando das decisões diárias. Cheguei à conclusão de que os valores dos mundos psicológicos e físicos na diversidade de idade não se conflitaram.
Chegamos, nos acomodamos, passeamos, programamos passeios e a expectativa da chegada do dia 13, o dia dos 60, o dia “D”. De maneira discreta alguns tomaram providências para que a data amanhecesse diferente na morada. Afinal, a Mariete faria os tão esperados 60! E assim a natureza se fez, com a decisão de raiar mais um sol em Búzios , com os convidados fora da cama bem cedo e a aniversariante com a sua serenidade de sempre, olhando firme para o computador, possivelmente já organizando a próxima viagem.
Aos cantos e danças a prima Zane puxou “acorda Maria Bonita, levanta vai fazer o café ...”. Não foi preciso muito empenho, pois o grupo já estava animado para comemorar com a aniversariante os 60 de milhões e, após, rumar para Arraial do Cabo, passar horas em um barco em meio a um cenário encantador e perceber que é preciso comemorar a vida sim!
Todos nós tiramos o pé do acelerador, reduzimos a marcha, contemplamos a viagem, comemoramos a vida e paramos várias vezes no meio do caminho para agradecer.
A Mariete, no final, acredito eu, entendeu que não era somente ela que estava de aniversário, pois nós todos ganhamos um presente tão diferente que levaremos para sempre.
Somos todos imensamente gratos à “sessentona”.
Crônica escrita para apresentação na Oficina de Crônicas da Pragmatha Editora - Crônica de viagem