COM QUANTOS E DE ONDE VEM OS COMPONENTES DE UM CELULAR

Hoje, mais cedo, lendo matéria publicada na parte de cronistas do jornal de maior circulação no país tive a oportunidade de conhecer melhor a história de como são produzidos smartphones da Apple.

Em linhas gerais, é um brinquedinho que poderia ser considerado uma verdadeira babel, se cada componente pudesse falar sua língua de origem, afinal é no mínimo instigante saber, que naqueles poucos e valiosos centímetros cúbicos cabem materiais extraídos de países tão distantes, que em seguida vão convergir para a China, que basicamente centraliza o refino dessas diferentes matérias primas

Vamos então passear pela origem de cada uma delas utilizada, para que serve e se possível sua interferência no ambiente de extração:

Lítio - Vem de minas ou salares (lagos salgados) do Chile e Bolívia, Argentina e Austrália (mina de rocha dura). A extração em salares consome muita água, afetando ecossistemas e comunidades locais.

Cobalto – Vem da República Democrática do Congo. Extração artesanal e uso de trabalho infantil em parte significativa da produção.

Níquel e Manganês – Vêm da Indonésia, Filipinas, Rússia, África do Sul e servem para estabilizar a bateria e aumentar sua densidade energética.

Tântalo (de coltan) – Vem da República Democrática do Congo, Ruanda e Brasil. Estão diretamente associados a conflitos armados na África (os chamados “minerais de sangue”). São utilizados como condensadores nos circuitos eletrônicos.

Estanho, Tungstênio e Ouro – Vem da África Central, China, Peru, Indonésia. São utilizados em soldas, vibração e conectividade elétrica

Alumínio e Cobre – Vem do Brasil, China, Rússia, Austrália, Chile. São utilizados como estrutura do aparelho e fios condutores.

Todas estas matérias primas são enviadas diretamente para China, que dispõe de infraestrutura industrial avançada para refino químico. Lá são transformados em compostos específicos como: carbonato de lítio, hidróxido de níquel, óxidos de cobalto.

Na fase seguinte, empresas especializadas da China (CATL), Coréia do Sul (LG Energy Solution) e Japão (Panasonic), dominam o setor de produção de células de bateria.

Para montagem da bateria, células são organizadas em módulos e protegidas por circuitos de segurança. Essa montagem acontece nas fábricas produtoras de smartphones, ênfase para China e Vietnã. A bateria é instalada no processo final de montagem do smartfone em fábricas como a Foxconn, Pegatron ou BYD.

Os smartphones chineses também dependem de componentes importados, tal como os iphones da Apple. Apesar de a China ser um gigante na produção de eletrônicos, muitos dos componentes essenciais dos smartphones — independentemente da marca — são produzidos por empresas especializadas em diferentes partes do mundo.

Componentes Importados Usados por Fabricantes Chineses:

Processadores (chips) – Empresas como Qualcomm (EUA) e Mediatek (Taiwan) fornecem chips para muitas marcas chinesas como Xiaomi, Oppo e Vivo. A Huawei, que tenta desenvolver seus próprios chips com a Hisilicon mas ainda depende de tecnologia externa.

Memória RAM e armazenamento – Fabricadas pelas empresas Samsung e SK Hynix ambas coreanas.

Ecrãs (displays) – Muitos vêm da Samsung Display, LG Display e BOE (China, mas com componentes importados).

Sistemas operativos e software – Dependência do Android (Google, EUA), mesmo quando adaptado com interfaces próprias.

Sensores e câmaras – Importados do Japão (Sony), Alemanha (Leica em parcerias) e Coréia do Sul.

A Apple desenha seus produtos nos EUA, mas monta iphones majoritariamente na China (Foxconn, Pegatron), usando componentes de vários países. Ou seja, tanto Apple quanto marcas chinesas funcionam dentro de uma cadeia global de produção altamente interdependente.

Os smartphones chineses produzidos pela Xiaomi, Oppo, Vivo e Huawei, dependem significativamente de uma cadeia de suprimentos global para obter componentes essenciais. Embora essas empresas tenham avançado na integração de fornecedores locais, muitos dos elementos críticos ainda são importados de diversos países.

Moral da história, independente da marca escolhida, os preços devem subir, apesar de cada vez ser mais difícil entender como a logística de preços pode ser calculada a cada fase de produção, e claro, vai interferir no custo final do produto, depois que o presidente ianque resolveu bagunçar o comércio internacional, num momento de tanta integração global.

Em poucos meses saberemos o tamanho do estrago que sofrerá o comércio internacional.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 08/04/2025
Reeditado em 21/04/2025
Código do texto: T8305082
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