UM MERGULHO EM MORRO DE SÃO PAULO - BAHIA
Ninguém mais do que eu, festejo cada conquista do turismo nacional e não me canso de servir de Embaixador da minha Terra Bahia. A terrinha que tem status, pelo menos para mim, de país, possui em cada canto de seu relevo, um motivo mais do que comum para ser visitado; são praias lindas, cidades históricas, cachoeiras enormes, florestas, bosques, Rios intermináveis, cidades modernas e o exótico sertão nordestino que de fato, começa na altura de Salvador, saindo da região costeira e entranhando-se rumo ao noroeste até chegar à Amazônia.
O que mais chama a atenção dos turistas nacionais e internacionais com relação à Bahia são as praias, aliás, a maior costa dos estados brasileiros banhados pelo Atlântico; partindo do norte do Espírito Santo até o sul de Sergipe, são mais de mil quilômetros de costa com mais de 300 praias que servem o ano inteiro para todos os gostos; do mais refinado, com hotéis de altíssimo luxo e diárias que podem facilmente chegar aos R$ 3 mil, ao mais simplório, com albergues que cobram menos de R$ 20,00 por um dia de estadia; ou seja, nesse imenso litoral, abençoado por Deus e bonito por natureza, é uma ignomínia destacar um lugar para escrever e indicar, mas tem uma praia em especial que é conhecida de todos apenas pelos postais e fotos de internet, mas que não suporta o turismo desordenado porque é pequena, simples, luxuosa e exuberantemente maravilhosa; eu falo do Morro de São Paulo ou Ilha de Tinharé; uma antiga ilha prisão que virou um dos pontos mais exóticos do Brasil.
A história de Morro de São Paulo é tão antiga e tão rica de detalhes que se confunde com a própria história do Brasil. Originalmente, como toda a costa do Brasil, era habitado por índios, sendo que aqui viviam os Aimorés. A ilha serviu para espanhóis em 1535, holandeses e ingleses nos tempos do Brasil Colônia e de lá para cá, somente a partir da década de 70 que os rumos desta ilha começaram a tomar um cunho meramente comercial e turístico. Até então, não havia luz elétrica e comunicação com o continente e até a água de beber era difícil de chegar a pontos mais extremos do lugar.
Em 1992, depois da ECO-92, as Ilhas de Tinharé e Boipeba receberam da humanidade o título de patrimônio e viram áreas de preservação ambiental; daí então, explode o turismo no lugar que não há automóveis e até pouco tempo não havia sequer um caixa eletrônico. Luxuosos hotéis e restaurantes começam a disputar cada palmo disponível do Morro de São Paulo e o que era uma vila de pescadores e refúgios dos hippies, passou a ser tão caro e nobre quanto Angra dos Reis e Búzios.
Eu sou suspeito de falar deste lugar, pois acredito que sou um dos milhares de pessoas que visitarem e viveram um pouco da história e cultura da Ilha de Tinharé, que a divulga pelos quatro cantos do planeta. Lá eu fiz amigos leais e já vivi as mais belas histórias do meu tempo de solteiro, com amigos e com meus irmãos, de avião ou de carro, sempre adorei passar os finais de semana que eu conseguia sair da loucura da cidade grande, para esquecer do mundo, fosse numa festa a beira mar que sempre acabou nas manhãs quentes da ilha ou numa cadeira de palha, com chapéu Panamá, bebendo um “capeta”, fumando um puro Alonso Menendez e contemplando a inigualável vista da Baía de Camamú. Eu me intitulei o Embaixador do Morro de São Paulo para o mundo.
O ACESSO
A ilha não tem nenhuma comunicação fixa ao continente; somente por barcos ou avião é que alguém pode sonhar em conhecê-la; os vôos são feitos por duas companhias aéreas regionais e custam relativamente barato, são operados por aeronaves mono e bi motores que levam no máximo seis pessoas. No Morro de São Paulo existem duas pistas de pouso; uma é publica e a outra pertence a um hotel de luxo, o Villegagnon, ambas são seguras e dizem que jamais houve um acidente. Eu mesmo já voei muitas vezes pela Addey Táxi Aéreo (www.addey.com.br) e aconselho a qualquer pessoa que o faça, pois dura cerca de 20 minutos, partindo do Aeroporto Internacional de Salvador e a paisagem que você curte ao longo do trajeto é para lembrar a vida inteira. Cada trecho custa cerca de R$ 150,00 reais.
Outra forma de chegar a este paraíso na terra da Bahia é por meio de barcos que saem todos os dias da Baía de Todos os Santos; existem os catamarãs que são barcos maiores com bar, ar condicionado e as lanchas. Três empresas operam no percurso de ida e volta e o custo é de R$ 60,00 por trecho. Quem desejar este tipo de transporte precisa ir até o Terminal de São Joaquim na frente do Mercado Modelo em Salvador e partir dali. O passeio também é fascinante, pois são cerca de 60 minutos em mar aberto até chegar à ilha, passando por outras ilhas exóticas e conhecendo todos os encantos do mar da Bahia.
De carro o visitante, se for partir de Salvador, precisará apanhar o Ferry Boat que desembarca na Ilha de Itaparica, terra de João Ubaldo Ribeiro, ou pegando a BR 324 (duplicada e reta), desviando na altura de Santo Amaro da Purificação (cidade em que nasceu Caetano Veloso) e apanhar uma trilha linda pelo Recôncavo baiano até chegar a Nazaré das Farinhas e pela BA-001 chegar até Valença, uma cidade turística que possui inúmeros estacionamentos e serve de porta de entrada para o Morro de São Paulo. É de Valença que o visitante volta a optar entre os barcos maiores ou os pequenos que fazem um trajeto de quase duas horas entre um rio calmo e o mar que banha a ilha. As embarcações são simples e seguras; a passagem não deve sair por mais que R$ 10,00 por trecho.
ONDE FICAR
Chegando ao Morro de São Paulo, esta é a primeira grande dúvida; onde eu vou ficar? Eu creio que somente seu bolso poderá decidir em qual pousada, hotel ou albergue as suas costas irão descansar lá pelas altas horas da noite. O lugar possui atrativos que o deixará ocupado durante boa parte do dia e da noite e mesmo na baixa estação é comum haver luais, festas tropicais e raves durante a noite, portanto, embora haja hotéis para todos os gostos e bolsos, você deverá decidir primeiro se quer descansar ou agitar. Minha dica é a Pousada Brisa Mar que está na primeira praia e pertence ao eterno delegado, meu amigo Geovânio. O telefone da Brisamar é (75) 3652.1063 e quem visitar o site da pousada (http://www.bahiabrasil.com/brisamar/) verá uma logomarca de minha autoria. A Brisa Mar é uma pousada simples, mas que tem uma das melhores vistas da ilha. Ela fica numa posição privilegiada da praia com vista absoluta de todos os apartamentos para a Baía de Camamú. Na baixa estação uma diária não ultrapassa R$ 100,00 com direito a um belo café da manhã na varanda, curtindo a brisa matutina do mar da Ilha de Tinharé.
Para quem não está muito afim do contato imediato com a praia, uma dica importante de excepcional pousada com preço baixo é a Vila do Sossego; o nome já traduz o ambiente. A pousada está distante 10 min. das praias mais badaladas, no meio de uma mini-floresta, mas que não deixa nada a desejar para os mais exigentes. Um conselho, é fazer reserva com bastante antecedência (http://www.pousadaviladosossego.com.br/), procure por Marquinhos, e chore um desconto. A logomarca da pousada também tem o toque do Imperador.
Quem desejar ficar em outras pousadas, mais simples ou luxuosas, deverá procurar uma agência de turismo séria para indicar, sobretudo porque na ilha existem também algumas armadilhas, do tipo, na foto é uma coisa e quando você chega ao lugar, fica sabendo que aquela foto do site foi postada na época da inauguração, lá por volta de 1990, então, muito cuidado com aquilo que vê, pois nem tudo que reluz é ouro.
ONDE COMER
Esta também é uma tarefa deliciosamente fácil de saber; na ilha existem dezenas de opções, desde os restaurantes a lá carte, de luxo, que servem lagostas gratinadas, até os mais simples que já servem a tradicional comida caseira da Bahia no sistema a quilo. A época do ano irá determinar o preço, mas em média, para um bom garfo como eu, que como cerca de 500 gr, num restaurante que serve frutos do mar, o preço está em média R$ 13,00 , ou seja, R$ 26,00 o quilo. As barracas a beira mar também servem as delícias da Bahia para quem quiser comer na beira da praia, entretanto, a média de preço é mais alta.
ONDE VISITAR
O Morro de São Paulo é como a própria mãe Bahia; cada canto é um motivo de visita, seja pela história, seja pelos encantos naturais que somente aquele lugar possui. Tem trilhas ecológicas, penhascos com visões extraordinárias, as praias mais limpas e azuis do Brasil, aliás, eu costumo dizer que Morro de São Paulo é um dos poucos lugares do Brasil que lembram o Caribe. As praias, primeira, segunda, terceira, quarta, Encanto, Garapuá, Pratigi e Gamboa, são lindas e cada uma possui beleza intrínseca.
Se você gostar de outras aventuras como esportes radicais e pesca, o lugar reserva prazeres inigualáveis. Lá ainda você poderá mergulhar com instrutores de altíssimo nível, fazer passeios de escunas ou relaxar o dia inteiro numa barraca calma e com muita história pra ouvir e contar. Minha dica imperdível é a Barraca do Tempo, do fabuloso Cacá, que fica na primeira praia, ao lado da Pousada Brisa Mar. Cacá é um senhor de mais de 1.000 anos de estrada que possui uma barraca exótica banhada literalmente pelo mar, que já me deixou bêbado pelo menos uma centena de vezes com suas cachaças de nome engraçado.
OUTRAS INFORMAÇÕES
Existe apenas um caixa eletrônico do Banco do Brasil; cartões de crédito são normalmente aceitos e em alguns lugares, cheques especiais também pagam com facilidade, mas o mais prudente e simples é o velho e bom dinheirinho convencional. Os aldeões de Tinharé aceitam dólares e euros sem o menor problema.
Na ilha existem vários cyber cafés e postos telefônicos. Os sinais de telefonia celular são normais em toda ilha e a rede elétrica é 220V.
Na ilha não há hospital, mas existem médicos particulares, portanto, é prudente redobrar os cuidados com crianças por causa do relevo inconstante do lugar e por causa das praias, que por mais calmas que sejam, podem reservar surpresas desagradáveis e abreviar um passeio magnífico.
A temperatura no Morro de São Paulo oscila entre os 20 e 30º o ano inteiro com muita umidade e nos meses de abril a julho costuma chover muito. Eu, particularmente, amo a ilha nos meses chuvosos, pois ela recebe um encanto ainda mais extraordinário e fica praticamente vazia nos dias de semana.
QUEM LEVA
LTA Viagens e Turismo Ltda – Berenice Campolina
(31) 3773.0546
E desta forma que eu me despeço do Morro de São Paulo, inaugurando aqui, a série “Um mergulho”, que nos acompanhará até o final de 2008, todos os finais de meses, com um lugar maravilhoso do Brasil, que merece ser visitado e divulgado. Informações adicionais sobre o Morro de São Paulo ou de qualquer outro lugar que esteja aqui divulgado, podem ser enviadas para o e-mail imperador@irregular.com.br.
Depois que chegar ao Morro de São Paulo, tome muito cuidado com um vício; o de gostar tanto e não querer mais voltar. Conheço muita gente que fez isso...
Carlos Henrique Mascarenhas Pires
www.irregular.com.br
Fotos: Viviane (Flickr) - http://www.flickr.com/photos/viveca/
Caca Lima (Flickr) - http://www.flickr.com/photos/cacalima/