Quevara
Ele cresceu gostando de ler bastante. Lia gibis, fazia palavras cruzadas e folheava todas as revistas que encontrava nos consultórios. Um dia viu na casa de um amigo, na estante, um livro que lhe chamou a atenção. Era sobre um sujeito bonito, de barba, com um semblante triste. Che Guevara era a personagem do livro.
Antônio Mafra se apaixonou fraternalmente por esse homem, ainda mais que existiam algumas coincidências na vida dos dois. Leu três biografias de seu ídolo e tentou fazer de sua vida uma cópia da dele, guardada as devidas proporções.
A asma acompanhou a vida de Che Guevara até o final da vida. Para alívio de Antônio sua doença (bronquite asmática) foi desaparecendo paulatinamente e aos doze anos sumiu por completo. O sumiço foi por causa dos remédios receitados pelo médico da família e as xaropadas que sua mãe fazia.
Antônio tinha uma dicção não muito boa, trocava o “gua” pelo “qua”, o “gue” pelo “que”, etc. Apelidou-se Quevara em homenagem ao seu ídolo. Fazia tiro ao alvo como hobby para poder imitar Che. Foi gostando do esporte e chegou a competir nos Jogos Abertos e faturar algumas medalhas.
Dos militares que a turma de Che Guevara capturava, eram retirados todos os pertences, inclusive as roupas. Os homens eram mandados embora só de cuecas, o que os envergonhava demais. Quevara, para não ficar fora da imitação, passou a frequentar praias de nudismo, bem longe de sua cidade para que os amigos não pegassem no seu pé.
Ernesto Che Guevara de la Serna, argentino, por seus atos de bravura, era conhecido como o “Grande Che Guevara”.
Antônio Mafra, gaúcho, pelo que a natureza lhe proporcionou, era conhecido como “Quevara Pequena Tchê”.
Aroldo Arão de Medeiros
12/09/2008