QUE REI SOU EU?

QUE REI SOU EU?

O reinado de momo ou a luta pelo peso ideal!

Salvador acaba de perder a oportunidade de fazer história implementando o politicamente correto a carnaval.

Durante os últimos dias, Salvador viveu uma polêmica interessante em relação ao Rei Momo deste ano, mudando-se os critérios da escolha do rei da folia carnavalesca, e deixando de lado a regra de ter de possuir ao menos 120 kg para concorrer ao posto de soberano do carnaval.

Apoiado pelo Governo do Estado e pelo Conselho Municipal de Carnaval, que entenderam que os quesitos principais deveriam ser a simpatia e a popularidade do candidato para o reinado de Momo, o comerciante Clarindo da Silva, empresário, proprietário da Cantina da Lua, no Pelourinho, viveu o sonho de ser o rei do carnaval 2008.

Ainda ontem estive com Clarindo em sua cantina, uma figura extremamente simpática e simples, que atendia nossa mesa, embora jamais me tivesse visto mais gordo, dividindo a sua atenção entre os clientes e o celular que insistia em tocar sem parar. Uma equipe de reportagem aguardava-o para o entrevistar, mas, atendendo o conselho se sua “assessoria”,

ele havia desistido da entrevista por conta do momento muito polêmico.

Clarindo, um negro simpático, vestido bem no estilo dos antigos sambistas, todo de branco,

estava ainda na expectativa do que seria decidido de uma ação junto ao ministério público,

impetrada pelos outros obesos concorrentes que, durante meses estavam se submetendo a dietas ricas em calorias para atingir o peso de um rei Momo.

Clarindo tem 58 kg e, esbelto, desfila sua figura pelas ruas do pelô, onde seu reinado de simpatia contagia a todos que o conhecem.

Hoje encontro a noticia na imprensa, que o Ministério Público, considerou "na contramão da moralidade e da legalidade" a eleição de Clarindo Silva, como Rei Momo de Salvador.

Tal decisão foi tomada “com o objetivo de retomar o concurso que estava programado e reserva o trono a candidatos obesos, como é tradição”.

Não vou aqui procurar a motivação histórica de tais critérios, nem mesmo sei se elas existem, mas quero apenas considerar uma coisa...Será que a alegria, a simpatia e a popularidade do rei Momo, estão ligadas ao seu peso?

Claro que todos dizem que os “gordinhos” são mais simpáticos, é como um bordão, um senso comum que vai sendo disseminado boca a boca, mas, isso exclui os magros do quesito simpatia? Conheço gordos mal humorados e magros simpaticíssimos, não vejo motivo algum para discriminação por peso, e antes que digam que estou defendo os magros em causa própria, quero deixar claro que falta pouco para que atinja o peso considerado ideal para Rei Momo ( 120 kg ).

No Rio de Janeiro, o rei momo submeteu-se inclusive a uma cirurgia de redução do estomago, estando hoje bastante esbelto e sentindo-se muito bem obrigado.

Numa época em que, os organismos de saúde, no mundo todo, voltam-se para os riscos da obesidade, chega a ser “na contramão da moralidade” a decisão do ministério público.

Resta saber se, o mesmo Ministério Público que hoje julga imoral o acesso dos magros, ao trono de Rei Momo, daria ganho de causa a qualquer processo movido por qualquer dos candidatos obesos contra o Estado, alegando problemas de saúde decorrentes da exigência dos critérios para escolha do rei Momo.

Se, daria ganho de causa, para o pedido de polpudas indenizações dos que viessem a ter algum problema cardiovascular por conta do excesso de peso.

Fica aqui a pergunta para reflexão:

O que é mais imoral:

Quebrar uma tradição de figuras rechonchudas como reis do carnaval, ou

Incentivar a busca da obesidade sabendo que isso causa problemas de saúde?