O DIA SEGUINTE
Francisco de Paula Melo Aguiar
O dia seguinte de que mesmo?
O dia seguinte a algum acontecimento importante para a humanidade santa e ou pecadora.
O dia seguinte é o dia posterior ao ocorrido entre amor e ódio, entre a vida e à morte da primeira e ou da última quimera dos sonhos imaginários entre o consciente e o inconsciente da realidade ou da ilusão humana.
Más o que é mesmo o dia seguinte?
Pode ser o casamento que deu e ou não certo e somente tem fim porque tudo que começa tem fim para um lado e ou para o outro lado.
Fora de Deus tudo é imperfeito e inacabado, onde tudo é incerto.
É assim mesmo, porque nada na ilusão e ou na realidade humana é eterna.
Esta é a grande realidade da visão complexa humana mortal e ou imortal para quem acredita na imortalidade e ou não na alma, porque o corpo volta a terra para se transformar em pó.
O dia seguinte é o primeiro dia que se procura o que se tinha e ou não se tem mais.
Desapareceu como a centelha provocada pelo atrito com pólvora que "alimenta" o fósforo que provoca a combustão e que queima e explode, dando à luz como o relâmpago no espaço sideral para acender e in loco apagar e ficar tudo no escuro, assim como antes.
É assim o dia seguinte diferente do dia anterior.
Assim sendo e ou assim não sendo a crônica diária imaginária, noticia que todo dia nasce e morre alguém, para isto não há férias noticiadas nas redes sociais, na CLT da morte, etc, na inteligência artificial, etc.
Sim, isto mesmo, ex-vi: "No dia seguinte ninguém morreu. O fato, por absolutamente contrário às normas da vida, causou nos espíritos uma perturbação enorme… não havia notícia nos 40 volumes da história universal, nem ao menos um caso para amostra, de ter alguma vez ocorrido fenômeno semelhante, passar-se um dia completo, com todas as suas pródigas 24 horas, sem que tivesse sucedido um falecimento por doença, uma queda mortal, um suicídio levado a bom fim, nada de nada, pela palavra nada. Nem sequer um daqueles acidentes de automóvel tão frequentes em ocasiões festivas, quando a alegre irresponsabilidade e o excesso de álcool se desafiam mutuamente nas estradas para decidir sobre quem vai conseguir chegar à morte em primeiro lugar”, segundo o escritor português José Saramago (Cia das Letras, 2005, p. 11).
Salvo melhor juízo à luz das ideologias e religiosidades cristãs e ou não, a pedagogia da vida nos ensina que a sua travessia vai da cegueira à lucidez humana e ou não de plantão em cada indivíduo que sabe que sabe que vai morrer, porque foi por este motivo que nasceu com vida e que se Deus não existisse ele inventaria um, isto mesmo, porque a “morte como porta única para o paraíso celeste, onde, dizia-se, nunca ninguém entrou estando vivo, e os pregadores, no seu afã consolador, não duvidavam em recorrer a todos os métodos da mais alta retórica e a todos os truques da mais baixa catequese para convencerem os aterrados fregueses de que, no fim de contas, se podiam considerar mais afortunados que os seus ancestres, uma vez que a morte lhes havia concedido tempo suficiente para prepararem as almas com vista à ascensão do éden” (SARAMAGO. 2005, p. 133).
Em síntese, à morte continua sendo a porta única de entrada para a eternidade dos céus e ou dos infernos imaginários dos fiéis, dos infiéis, dos ateus e de suas crenças, porque se à morte fosse extinta de que iriam sobreviver às religiosidades criadas pelo homem com a finalidade de acalmar os terrores e às angústias e às ansiedades do próprio ser que sabe que sabe que existe e que nasceu para morrer, porque o resto são puras mitologias, religiosidades e narrativas de lamentações intermináveis, meras tradições ritualisticas e ou fugas da realidade e ou da ilusão existencial entre a vida e à morte, irmãs inseparáveis, porque sem a morte não se tem a ressurreição.