Paixão Juvenil
Aquela tarde parecia aquecida, de um sol ainda pulsilâmine, no entanto, o tempo, que anda sem repouso fracionou na fala dos momentos, aquela menina, sair do anonimato pra não mais que de repente, emergir diante do menino.
Bateu na porta da casa e sem dizer muita coisa, a não ser por sua beleza estonteante, o olhou profundo nos olhos como a querer desinibir o que ele nem conhecia e falando como anjo, envolta numa das lendas urbanas disse:
- Posso entrar?
Qual porta resistiria a tão perfeita beleza?...
Na adolescência dos anos oitenta, ainda se tinha um pudor da casa dos avós, de fim de semana e de tantos quintais. O amor, o eterno amor era o tesouro escondido a ser descoberto, que tanto se sonhava. E que, naquele dia batia a porta aleatoriamente de um romântico.
Seduzido pela beleza única daquela menina crescida, a querer brincar com o que nenhum dos dois entendiam fez nascer essa saudade...essa eterna lembrança, que na época postava-se como uma louca paixão.
Ao entrar na casa, sem ninguém ver, lindoia olhou pro menino e os dois sem nada a dizer, apenas subjugados por uma loucura, que do nada se fazia crescer. Naquela fração de segundos, escondidos do julgo dos olhos adultos, num silêncio absoluto, o beijo foi a única palavra dita naquele recinto. Um sugar tão profundo, um degustar harmonioso, cujo gosto gostoso vinha como mel a enebriar aqueles dois inocentes, inconsequentes, sem tempo pra ter medo.
Quando a loucura deu vazão a razão ela, toda fantasiada de estudante, ele todo preparado pra ir ao esporte, se deram conta que tinham a obedecer seus compromissos. E cada um no seu caminho foi seguindo, sob as juras e promessas de voltarem a se ver no dia seguinte.
O dia seguinte veio, com o coração dele fritando de necessidade, esperando por ela. Enquanto que ela, deixada por sua mãe, pra ir pra aula na casa da vizinha. Ansiosa, andava de um lado para outro na frente da casa, esperando um vacilo, pra dar uma desculpa e invadir a casa em frente.
Nunca se soube como, mas ela despistava bem os outros e com dois toques na porta de madeira simples daquela casa humilde, fazia a esperança vencer o medo.
Já no segundo dia, a necessidade era mais que fantasia...algo dentro do peito já enlouquecia.O beijo era a magia e a química, que os envolvia deixava aquela menina moça, louca, louca... a mercer de qualquer outra coisa, mas o tempo desvairado, não fora suficiente pra se perder a roupa, porque o menino, mesmo envolto aquela sinergia sedutora, aquele vício, que em goles impensados venenosamente podia matar o presente ou o futuro, ainda respirava realidade. E nada se fazia, além do inocente.
Assim foram algumas outras tardes a embarcar num rito.Pois quando se parecia ouvir o grito, da indústria de gelar, nas proximidades chamando os trabalhadores ao trabalho, ela surgia. Surgia fazendo sair da boca do garoto uma energia, da ânsia, que ele nutria por esperar por ela todos os dias.
Cinco, dez, quinze minutos eram o suficientes pra eles passearem, irem a lua, sem sair da liturgia. A paixão tão enolvente criava nos carentes o frequente perigo de mais um romance letal.
Lindoia excessivamente bela, suas curvas perigosas, seus seios transbordando a pura lascívia de um oceano de pecado e seu beijo um prazer a queimar matando a alma de vontade, que ele, mesmo sob fogo serrado, conseguia evitar.Por ainda conseguir pensar.
A necessidade exposta fazia ele acreditar, que até poderia ir mais. Ele já começava a sonhar e ela, visivelmente influenciada por aquilo que não conhecia direito, apenas deixava sentir como um pretexto pra aprender. Uma brincadeira, de alguém, que não tinha a devida maturidade.
Essa situação foi, foi atravesando a loucura, fazendo sonhar a conjuntura até que uma bela tarde ela faltou.
Num desarme de dor, o garoto, por estar preso aos ritos, se deixou ao vicio de uma paixão, que naquele dia sobrecarregou seu coração.
Veio o outro dia, o outro e depois, e ela não mais aparecia.
Como um louco ele esperou, se pressionando com perguntas sem respostas.
As horas das varias tardes passavam e nada se tinha. Ela não vinha e ele morrendo de dor, de uma necessidade, que ele acreditou, aceitou e cuidou, sem aguentar mais se esvaiu em lagrimas pra aliviar o peito. Se humilhando a procurou e pediu:
- Por favor Lindoia, só essa vez venha comigo agora, preciso falar com você.
E ela, naquela tarde, aviltada, meio que baratinada aceitou.
Os dois na sala alcuviteira da casa, mal tiveram tempo pra falar...mais uma vez o beijo feiticeiro, o fez calar na vaga ideia, de que ela o amava e no outro dia iria voltar.
Porém, a expectativa foi tortuosa e a realidade foi a cura desastrosa, pois no tempo em que ela vinha e o fazia voar, simplismente não ocorreu mais. E ele perturbado, abriu a janela daquele romance proibido, quando quis falar viu sua musa em passos largos nunca mais a casa da frente voltar.