Caí em mim

Nos últimos quatro dias, tive o feliz privilégio de cair em mim. O jargão "Fulano caiu em si" veio totalmente à calhar. Mais que cair - uma imersão em mim. Precisava dessa introspecção, como quem afasta-se um pouco do mundo, para poder melhor enxergá-lo. E sobretudo, me enxergar.

Leitura em dia, casa organizada, exercícios de rotina. Coisas que faço todos os dias, porém, sem a implacável e pontual supervisão dos ponteiros do relógio. Tudo no meu ritmo. Eu, que me adaptei à correria exigente das horas, desde muito cedo, ainda na adolescência, adoro quando posso desacelerar o tempo e valsear no meu ritmo.

Apenas na minha própria companhia, embora as redes sociais tentassem me distrair entre uma olhadela e outra, me vi refletindo sobre os atuais apegos que ultimamente povoam minha mente e meu coração. Esse "cair em mim" me revelou muito. A voz interna dizendo (gritando) em meio a todo aquele silêncio: olhe mais vezes para dentro.

É tão fácil se distrair. Preciso cair em mim mais vezes. Fazia isso com mais frequência e estava em débito comigo. Não pensem que cair em si é fácil: revela sombras, fraquezas, incertezas. Esse Carnaval de tirar a própria máscara para si mesmo, talvez seja o mais proveitoso. É preciso distrair-se do Mundo para ocupar-se de si. Há quem prefira o oposto, questão de gosto.