Veneno
Pote de barro na cozinha ,cheirando a lenha.
O bule à espera da chaleira...vazio de água e de café.
Carne defumando no beiral.
E a fome ressecando barriguinhas nuas,
Desprovidas de qualquer nutriente... só vento.
A farinha foi toda no café ralo.
Um chicote dependurado num prego pende da parede escorrida de barro da chuva.
Corte de cana, mãos calejadas, mente enfraquecida.
Já vai alto o sol , mas a chuva se atrasou...
Bentinho, de chapéu em punho, caminha no desassossego da estrada empoeirada e sofrida.
GARDÊNIA SP 22/1/2008