SOBRE A DOR
A dor que mais dilacera é a ausência. Às vezes nem se sabe bem do que ou de quem, é uma dor indefinida, nem se sabe bem onde ela apunhala, mas como dói!!!
E, dentre todas as ausências, a que rasga a gente de cima a baixo é a de quem quer estar ausente. O querer estar ausente traz consigo a marca da rejeição.
Para quem se dá por inteiro, saber que o outro quer se fazer ausente é a morte. É dar-se conta que o imenso e profundo lago de afeto que está dentro de si não poderá ser extravasado, que os abraços ficarão sem ser dados, os beijos murcharão nos lábios, as carícias serão de ninguém, as palavras voltarão a ser engolidas e os sorrisos se estrangularão.
Em um de seus poemas, Neruda pergunta: “Las lágrimas que no se lloran/esperan en pequeños lagos?/O serán rios invisibles/que corren hacia la tristeza?”. Serão?
Será o meu erro abrir as portas e oferecer minha casa? Mas ninguém toma essa casa, ninguém a habita...nem mesmo de passagem.
Me rasguei toda, me joguei no chão, fiquei nua. E você me deixou lá, estendida, exposta, fragilizada, sem sequer estender a mão ou tirar a camisa para me cobrir.
DOEU! DOEU MUITO!!!