"O SILÊNCIO COMO RESPOSTA" Crônica de: Flávio Cavalcante
O SILÊNCIO COMO RESPOSTA
Crônica de:
Flávio Cavalcante
Nem sempre a resposta mais forte vem em forma de palavras. Às vezes, o silêncio é o grito mais alto que podemos dar. Diante da injustiça, da traição, da ingratidão e das feridas que alguns nos causam, a tentação de revidar com a mesma moeda é grande. Mas responder ao mal com mais mal não nos alivia, apenas nos torna semelhantes àqueles que nos feriram.
O silêncio não é covardia, nem resignação. Ele é, muitas vezes, a escolha mais sábia, a resposta que pesa mais na consciência de quem nos machucou. Porque o barulho da nossa ausência pode ser ensurdecedor. Enquanto a raiva cega e a vingança corrói, o silêncio ensina. Ele faz com que a pessoa perceba, no vazio da nossa resposta, o peso dos próprios atos.
Muitos esperam que a dor gere gritos, acusações, desespero. Mas quando, em vez disso, encontram apenas o grito do próprio erro, são obrigados a lidar com ele sozinhos. O silêncio não é omissão, é um espelho. Ele reflete o que foi feito, sem precisar de julgamentos.
Pagar o mal com o bem não significa abraçar quem nos feriu, mas também não significa revidar. Às vezes, o maior bem que podemos oferecer é o afastamento tranquilo, a recusa em alimentar um ciclo de dor. A paz está em não permitir que o outro nos torne amargos. Está em seguir adiante, com a certeza de que o silêncio é a única resposta que não precisa ser explicada.
, no fim, quem nos feriu talvez entenda que a ausência da nossa voz é a presença da nossa dignidade.
Flávio Cavalcante