O último voo da abelha

De repente, uma linda abelha cai sobre mim, daquelas que tecem o doce milagre do mel. Mal sinto seu peso, e num reflexo, dou um leve peteleco. Ela cai diante de mim, debatendo-se, como se lutasse contra algo invisível.

Observo seu desespero e me pergunto: deveria ajudá-la a abreviar esse sofrimento ou permitir que a natureza siga seu curso? Afinal, para uma criatura tão pequena, alguns segundos a menos podem ser uma eternidade.

De onde veio essa viajante alada? Qual será sua colmeia? Teria deixado para trás irmãs que a esperam, acreditando que logo retornaria carregada de pólen? E então, surge a dúvida que me atravessa como um ferrão: é melhor partir devagar ou num sopro repentino?

Mas quem sou eu para decidir? Talvez seja melhor apenas observar, deixar que o vento leve suas asas cansadas e permitir que o tempo, como sempre, se encarregue do resto