Polarização política e as consequências permanentes no Brasil Parte 1

Em 31 de outubro de 2010 Dilma Rouseff tornou-se a primeira mulher eleita presidente do Brasil, em 2014 foi reeleita após disputar o segundo turno. Tomando posse em primeiro de janeiro de 2015. Um período marcado pela crise política e econômica no Brasil que gerou grandes manifestações da população e o impeachment da então presidente em 2016. Movimentos sindicais de esquerda saíram às ruas em oposição a movimentos sociais de direita. Este mesmo período deu início a uma polarização que logo se tornaria a maior da história deste país. A lava jato e a prisão de Lula em 2018 tornaram-se a principal arma de campanha do candidato à presidência Jair Bolsonaro. Com discursos de ódio, incitando a violência e o extermínio de candidatos e eleitores petistas a polarização se tornou radical e violenta. A disseminação de conteúdos falsos por meio das redes sociais e grupos que se formaram no whatsapp, a utilização de robôs e o compartilhamento indiscriminado destes conteúdos tornou-se fator determinante para incitar conflitos políticos, a rejeição ao PT, a elevação da extrema direita e garantiu a eleição de Bolsonaro naquele ano.

Ataques agressivos, discursos antidemocráticos, apologia a todo tipo de preconceito e a intolerância ideológica e partidária tornou-se o auge da polarização. Argumentos convincentes e assuntos pertinentes e do interesse de todos deram lugar a falta de cordialidade e diálogo entres as partes, e o que fora comum em regimes democráticos tornou-se uma forma de enfraquecer a democracia.

Foram quatro anos de um governo que abriu mão de discursos relacionados a projetos para melhorar o país, usando a mídia para atacar opositores, debochar da educação, da saúde e dos problemas sociais que deveriam ser enfrentados. Além disso, transformou o Brasil em um campo de guerra entre esquerda e direita, capturando a política pela polaridade e discursos radicais.

Com a libertação de Lula em novembro de 2019 depois de 580 dias preso, e sua decisão de disputar seu terceiro mandato, os discursos de ódio se intensificaram e a internet se transformou em um campo minado de desinformação e de criação e divulgação de notícias falsas produzidas por assessores e apoiadores de Jair Bolsonaro. Disparadas em massa e reproduzidas por grupos de apoiadores de seus apoiadores no whatsapp.

Uma parte grande da população descontente com os governos do PT, aderiu a esse movimento antipetista e usou suas redes sociais para compartilhar os discursos de ódio, fake news e incitação a violência incentivados pelo então presidente.

No entanto, os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro não foram bons o suficiente para que ele fosse reeleito. Descrente sobre os perigos da pandemia que veio deixando mais de 700 mil pessoas mortas, a volta da fome, o sucateamento da educação, a elevação no número de beneficiários do auxílio brasil, nome que o mesmo deu ao bolsa família, o gasto de bilhões do chamado orçamento secreto e também seu declarado descaso com o meio ambiente levou a população a repensar seu voto.

Em maio de 2022 Lula lança sua pré candidatura à presidência pela sétima vez.

A mesma polarização que deu a vitória a Bolsonaro em 2018, elegeu Lula em 30 de outubro de 2022.

Lula aderiu a um discurso de pacificação enquanto Bolsonaro abriu mão do discurso econômico e passou a usar ideologia para tentar a reeleição, que foi em grande parte definida pela rejeição da população por ambos.

Apesar de todo o aparato usado por Bolsonaro, Lula se reelegeu no segundo turno, então assumiu seu terceiro mandato em meio a uma disseminação de insanidades dos seus opositores, que reagiram a sua vitória com mais discursos falsos, entre eles pondo em dúvida a urna eletrônica.

A revolta de Bolsonaro depois da derrota fez com que ele sequer passasse a faixa presidencial ao seu antecessor, uma atitude clara de alguém que desde o princípio era despreparado para assumir tal cargo.

Porquanto Lula se elegeu de certa forma sozinho, pois apesar do bolsonarismo atacar o sistema eleitoral e questionar a confiança nas urnas eletrônicas, tanto a câmara dos deputados quanto o senado foram compostos em maioria por candidatos do PL, partido do então presidente Bolsonaro.

Nenhum questionamento foi feito na época sobre a urna eletrônica em relação aos deputados e senadores eleitos.

Lula assume o mandato tendo em seu governo a oposição como majoritários, na câmara e no senado.

O Brasil vivia naquele momento algo jamais visto, incentivados pelo presidente derrotado, pessoas ocuparam a frente dos quarteis de todo país, reivindicando o voto impresso e alegando que a eleição teria sido fraudada.

Lula assumiu a presidência em primeiro de janeiro de 2023, com o grande desafio de pacificar o país. No entanto, no seu oitavo dia de governo, apoiadores do ex-presidente Bolsonaro invadiram a Praça dos Três Poderes em Brasília, em atos de puro vandalismo que destruíram tudo que encontravam pela frente. Foi uma das cenas mais tristes da história do Brasil, até mesmo a constituição federal fora furtada naquele dia, obras de arte totalmente danificadas e uma imagem de um país transformado por uma escalada violenta da polarização. Uma data que permanecerá na história do Brasil como uma tentativa de golpe de estado e destruição da democracia.

Sabíamos que o mandato do presidente eleito seria um dos mais difíceis de sua história, mas Lula não se abateu e seguiu enfrentando muitos desafios.

A saga da polarização continua e Lula vê no congresso não apenas opositores, mas inimigos decididos a serem contra a maioria dos projetos apresentados, muitos deles relacionados a questões sociais e econômicas.

Essa polarização que tomou conta do país nas eleições de 2018 e 2022, ganhou as ruas gerando uma divisão relacionadas a opinião, práticas culturais e religiosas e preferências político partidárias, causou uma divisão entre grupos de visões diferentes pôs fim ao diálogo e deu lugar a divergência entre eleitores, infelizmente, de forma a gerar conflitos por motivos banais, ora até agressivos. E o que se vê dentro do congresso é ainda mais preocupante.

Potiara Cremonese
Enviado por Potiara Cremonese em 17/02/2025
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