AS COLHEITAS

“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.”

Tenho tido a oportunidade de vivenciar o sentido desse provérbio acima e lhes confesso que preferiria não estar tendo essa experiência. Adianto que apesar de falar de coisas tristes, essa crônica tem por objetivo agradecer a muita gente que tem me ajudado nas horas de aflição.

Quis a vida que aos 46 anos, um de meus irmãos tivesse um AVC isquêmico em consequência de uma arritmia cardíaca. Além das quase imperceptíveis sequelas motoras e da severa dificuldade de comunicação oral que ele passou a ter, outras consequências desse quadro infeliz aconteceram: casamento desfeito, diabetes em seu corpo instalada e a vida financeira arruinada.

Ao longo desses 28 anos, apesar de ter de ingerir, diariamente, mais de 08 tipos de remédios, por uma série de ocorrências indesejáveis, médicos do Hospital Meridional tiveram de amputar a metade do seu pé direito em 2022 e um vascular do Hospital Jayme Santos Neves amputou a metade da sua tíbia esquerda no dia 14 de dezembro de 2024. A partir de então, ele se encontra acamado, dependente de tudo, mas disposto a lutar para sobreviver com dignidade.

Sem ter para onde ir e sem recursos financeiros para pagar cuidadores, eu e meus irmãos assumimos a responsabilidade de custear um local e pessoas para dele cuidar diariamente. De repente, eu descobri que o SUS fornece fraldões, gazes, ataduras, esparadrapo... para as pessoas necessitadas que são cadastradas nas Unidades de Saúde Básica. Descobri, também, que o município fornece, gratuitamente, 90% das medicações, que os outros 10% podem ser obtidos na Farmácia Estadual de Medicamentos Especiais e, também, que Linhares oferece serviços de fisioterapia gratuitamente.

Retomando o provérbio inicial, eu me pego pensando sobre o que será que meu irmão semeou para estar colhendo todas essas coisas tristes... Penso, também, sobre quais devem ser os propósitos de Deus para ele, já que ao longo desses 28 anos, ele sobreviveu a dois AVCs, a duas paradas cardíacas, a duas cirurgias vasculares, a duas infecções hospitalares e, o pior, viveu a dor de perder sua filha caçula em virtude de um câncer cerebral há dois anos.

Também penso nas razões pelas quais Deus me confiou a tarefa de ajudar a amenizar a vida desse irmão... Será que eu também estou colhendo alguma coisa que eu plantei ou será que sou eu que continuo plantando o bem?

Eu tenho colhido o apoio espiritual/psicológico de muitas pessoas que rezaram por ele nos momentos mais desesperadores. Na impossibilidade de citar todos, eu agradeço em nomes de amigas como: Elzi Coelho, Andressa Zumerle, Katiane Segantini, Gélia Tavares, Ilza Alves dos Santos Silva (minha irmã do coração), Rosa Calombé, Edna Caetano Sarmento, Luzia Barcelos Cossuol, Kita Siqueira Pereira, Cecília Coffler, Beth Braga, Penha Bassini, Patrícia Ramos Soares, Conceição de Freitas, Conceição Calmon, Lita Pimenta e Martinha Boina Pianna.

Eu me emociono todas as vezes que me recordo das muitas mãos que têm se estendido para me ajudar, dentre as quais ressalto as de Ângela Polese (minha ex.cunhada, que cuidou de Nedson por muitos anos) e as dos meus demais irmãos: Nilo, Nilton, Neolucio e Nandressa.

Ressalto que senti a presença de Deus todas as vezes que fui acolhida, abraçada e/ou ajudada por pessoas que passaram na minha vida na condição de alunos (ou meus ou coordenados por mim): Lucas Scaramussa (nosso Prefeito), Franco Fiorot (nosso Vice-Prefeito), Dr. Franck Menelli (Diretor Clínico do HGL), José Geraldo Fontana (Enfermeiro da UBS do BNH), o Dr. Victor Hugo Rodrigues de Carvalho (Diretor Clínico do Hospital Jayme Santos Neves), Sebastião Sodré Souza Junior (Coordenador da Cefil), Karina Soares (Fisioterapeuta) e Weverson Ferrari (Motorista da ambulância de Bebedouro) . Nessas ocasiões eu percebi que eu estava colhendo as coisas boas que eu plantei nos corações deles... Então, quando eu os encontro, a gratidão inunda tão abundantemente o meu peito, que transborda facilmente pelos meus olhos.

Também desejo agradecer a todos os profissionais que cuidaram do meu irmão nas muitas vezes em que ele foi internado e o faço citando os médicos: Dr. Ricardo Ryoshim Kuniyoshi, Dr. Eliud Garcia Duarte Junior, Dr. Frederico Christo Torizan, Dr. Bruno Fregnan Telles, Dr. Guilherme Alves do Reis, Drª Laemecy Emanuelle Gonçalves Martins e Drª Sâmia Tolentino Ferreira.

Também devo especial gratidão ao Coronel Dal Coll e a todos os professionais que atuam na Casa Viva Sênior (Estrada de Perobas) e o faço me desculpando por desconhecer os nomes completos da Psicóloga Francielly Salvador (?), da Yara, da Fernanda, do Joel e do Noel, bem como por não me recordar dos nomes dos demais professionais que naquele local atuam.

Por fim, e tão importantes como os demais, eu agradeço às seguintes pessoas que me valeram e têm me valido em horas de total impotência: o Secretário de Saúde Phablo Dobrovolsky, o Chefe da Central de Ambulâncias de Linhares Gilmar Salvador, a funcionária desse Setor, Lidiane Alves dos Santos, minha amiga Arlete Molina ( tia do Dr. Franck Menelli e responsável direta por todo carinho e consideração que eu tenho recebido deste), meu dileto amigo Rodrigo Octávio de Carvalho (pai do Dr. Victor Hugo Rodrigues de Carvalho ), além das minhas amigas Alcinéia Loureiro Graziotti e Adriana Grazziotti Ceolin, que nos doaram um colchão especial para acamados.

Espero não ter me esquecido de nenhum nome, mas se aconteceu, eu me desculpo penitenciadamente, assim como o faço com você, meu leitor, acostumado a ler coisas bem mais amenas escritas por mim.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 17/02/2025
Código do texto: T8266766
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