UGES 990

No congresso da UGES de 1990 a palestra era do Prof. Régis Gonzaga. E ele falava sobre vestibular.

OK, eu também já fui metido em política estudantil. Muito mais por causa das meninas do que por uma verdadeira vocação política. Quando descobri que tem muito pouca mulher nesse negócio já era tarde. Devia ter escolhido o Green Peace, mas estou divergindo. O Prof. Régis comparava o modelo de avaliação educacional Brasileiro com o Japonês na época.

Enquanto no Brasil, o professor é responsável por ensinar, e cobrar e avaliar, no modelo japonês, durante o ensino médio os professores são responsáveis apenas pela preparação do aluno, como professores de cursinhos pré-vestibulares. A cada três meses, o ministério da educação aplica em todas as escolas uma prova sobre os conteúdos ministrados. A mesma prova, ao mesmo tempo, para todos os alunos do país. Com isso o aluno vai construindo o seu escore ao longo do ensino médio, que serve como critério de seleção para as Universidades.

Sem levar em conta o fato do vestibular ser dividido em pelo menos 12 provas, o que o torna mais racional e mais simples para o aluno, a principal diferença está na alteração da relação professor aluno. Garanto que alguns de vocês já se perguntaram, por que gostavam tanto dos professores de cursinho mas não tinham a mesma relação com os do colégio. Independente dos méritos técnicos e didáticos de cada um deles, e do fato do professor de cursinho ganhar pelo menos três vezes mais que o do colégio, no cursinho, assim como no modelo japonês, a regra é "Eu e o Professor contra o vestibular, Eu e o professor contra a o pessoal do governo". Quem me desenvolve não é a mesma pessoa que me avalia, o que altera drasticamente a relação. Nesse caso o professor é meu aliado e não meu avaliador.

Ao levarmos essa comparação para o ambiente empresarial fica fácil constatar que na grande maioria das empresas o que encontramos é basicamente o mesmo modelo, onde o mesmo gerente desenvolve e avalia, ou pelo menos deveria fazer ambas as coisas. Seja em avaliação por desempenho ou modelo baseado em competências a figura do gerente avaliador está sempre lá. Confesso que não sou especialista na área, mas deve existir um modelo mais eficaz. Isso sem falar que existem empresas(acreditem), que ainda usam o sistema de antiguidade, promoção mesmo só por tempo de casa. A idéia é justamente matar o sujeito no cansaço e evitar qualquer mérito individual. Bom mesmo era no velho oeste, onde antiguidade dizia tudo a respeito de um pistoleiro, afinal a profissão possui um perfeito mecanismo de “seleção natural”. O simples fato da pessoa apresentar anos de experiência é o maior aval da sua competência. E a melhor remuneração é o simples fato de estar vivo.

Mas voltando a nossa realidade, acredito que modelos de diferenciação, onde pessoas com desempenhos diferentes são remuneradas de maneira diferente são o que existe de melhor. O ponto chave é como tornar esses sistemas eficazes, com critérios objetivos e imparcialidade, enquanto trabalhamos continuamente no desenvolvimento das pessoas. O paradoxo é que em uma área como Tecnologia de Informação, onde o produto do trabalho é essencialmente binário, seja tão complicado a implantação de sistemas como esse. Desassociar o gerente do avaliador talvez seja um bom começo.

[]s

Jack DelaVega

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