Moleque de quintal

A tarde mal começava a espelhar no chão... todavia já se podia ver sua inquietude na rede, como se preso nos grilhões. Mas ele se movia a espreita  de um segundo de discuido dos olhos adultos. Descia quieto, deixando cativo a camuflar a fuga,  apenas a camisa com a trouxa do lençol.

No silêncio obtuso se esgueirava porta a fora, se esgueirando passava por um tabuado secreto da sua imaginação,  que ficava entre a casa e o cercado de uma certa dona Julita.

Na coberta de mato uma nesga de espaço, que ele aproveitava, com o seu corpo franzino e bem ocupava, desviando cautelosanente de uns matos a adornar a caverna,  como ele gostava de falar, passava pelas urtigas, saia da mucuracaá.

Com aquelas mãos pequenas,  em formação, afastava a tabua envelhecoda, em falso do cercado, apodrecida pelo tempo  e engatinhando adentrava ao quintal daquela senhora.

Uma vez lá...era tudo. O àpice da liberdade. O céu azul espraiava nas nuvens, sob um zig zag de alguns  pássaros, o vento lá fora esvoaçava as árvores, como a arrancar-lhes das margens aquela mágica alegria.

Urucumzeiro, mamoeiro, abricó, goiabeira, pupunheira, bananeira, sobre a velha tapera que guarda coisas, já sem utilidades.

Do outro lado do cercado a fronteira aberta,  da casa da dona Maria, tia de certa Orbélia, com um quintal, de areias branquinhas e bem varridas por ela, onde as árvores em harmônia suscitaram a paz e a eternidade de um paraíso...ameixeira,  mangueiras e cajueiros entrelaçavam-se, se soltavam a fazer par com, as do quintal do Aprígio, onde os sabiás, em poesia cantarolavam, as cigarras, os grilos garritavam, os vaga-lumes incendiavam sem fogo fazer e a chuva da tarde parecia dissolver aquele ar puro, de mel das várias frutas.

Ali, como a liberdade exposta a persuadir suas ações, ele era sem limites...

Corria na solidão das várias aventuras, pisando nas folhas secas, brincando com os gafanhotos, paquinhas, lesmas, formigas carregadeiras, cupins, borboletas,  põe na mesa, percevejo, libélula e sua amiga, Maria,  a jabuti.

Invetava aventuras fazendo de tesouro pirata, os pedaços de vidros coloridos e peças de lajotas.

Deitava sobre o mato todo ajofadas pelo chuvisco e achava lindo o coro das várias flores azuis, conhecidas no norte, como Maria moles.

Voava baixo a tripudiar  emoções, quando a tarde começava a fugir ao colo farto da noite. Ele sabia,  que tinha que ir- se, porém, ainda assim subia no corpo liso da goiabeira, almejando passar pra viçosa ameixeira e depois de atingir o cume, onde lá do alto, como se fosse o " gran finale",  a se despedir.daquele dia,  deixando a sua marca, a arte de estar ali no topo do seu mundo,  só pra ver e via escondido nas folhas, o dançar do taperebazeiro,  sob a brisa da baia do Guajará e também,  o início da vila, que vinha acompanhada pelo, primeiro prédio do futuro da cidade, o Manoel Pinto da Silva, a dizer nos finalmente dos luminosos acima, a última propaganda do Guará Suco... a fincar pé no tempo da lembrança.