"A PENEIRA DA AMIZADE" Crônica de: Flávio Cavalcante

A PENEIRA DA AMIZADE

Crônica de:

Flávio Cavalcante

Na vida, a gente encontra muita gente. Colegas de trabalho, vizinhos, conhecidos de bar, amigos de infância que o tempo afastou. E, quando tudo vai bem, quando o bolso está cheio, quando a felicidade transborda, o que não falta é gente ao redor. São abraços, sorrisos, convites para festas, conversas animadas que parecem eternas. É nesses momentos que a gente se sente querido, amado, rodeado de pessoas que chamamos de amigos.

Mas a amizade verdadeira não se mede nos dias de fartura. Ela se revela na escassez. É fácil estar presente quando há mesa farta, copo cheio e risadas soltas. Difícil é encontrar quem se senta ao seu lado quando tudo desmorona, quando o riso dá lugar ao choro e a vida pede socorro.

A peneira da amizade acontece nos momentos de necessidade. Quando a doença chega, quando a dor aperta, quando o dinheiro falta. É aí que os rostos começam a desaparecer, os convites cessam, as mensagens não vêm mais. De toda aquela multidão que um dia se fez presente, restam poucos. E são esses poucos que carregam o verdadeiro significado da amizade.

O verdadeiro amigo não pergunta se você tem algo a oferecer. Ele chega. Ele se faz presente. Ele segura sua mão, te dá força quando você já não tem mais. Ele não precisa de motivos para estar ao seu lado, porque a amizade não se baseia em interesses, mas em laços de alma.

Por isso, escolha bem seus amigos. Observe quem está com você nos dias bons, mas, principalmente, veja quem permanece nos dias ruins. Valorize aqueles que dividem o pouco que têm, que oferecem o ombro sem esperar nada em troca, que não precisam de motivos para permanecer.

A vida se encarrega de mostrar quem é quem. Basta prestar atenção na peneira da amizade. Porque os verdadeiros amigos não são os que aparecem na festa, mas os que ficam depois que a música acaba.

Flávio Cavalcante