CAMA DE CASAL

Já estava usada e quase corrompida a cama onde o casal, dona Isolda e seu Adolfo, dormiam até que a doença arrebatadora se fez presente no corpo do octogenario, fazendo com que o mesmo precisasse passar a dormir sozinho na cama de casal . Dona Isolda então, colocou ao lado da cama do marido um pequeno colchão, para assim poder controlar o estado do marido, no decorrer da noite. O mesmo colchão foi levado, mais tarde, para o hospital onde, no chão e ao lado do marido, a esposa permaneceu, até que o mesmo viesse a falecer.

Um grave acidente de moto deixou Anamélia por diversos meses num leito de UTI. No momento da alta e com seu retorno ao lar em estado semi vegetativo, precisou ser adaptado um quarto no térreo do sobrado. Ali instalou-se também Júlio Cesar, que abandonou a suíte do andar superior, para estar junto a companheira de toda uma vida.

Em conversa com a cuidadora, dona Laura tomou conhecimento que seu marido, acometido por demência e demais doenças do gênero, precisaria deixar de usar a cama de casal e passar para uma cama hospitalar. Momento difícil para o casal que com mais de sessenta anos de casados precisou fazer essa separação.

Todas essas situações, que nesse momento e em muitos lares devem estar acontecendo, nos fazem questionar se estaremos nos, enquanto casais, preparados para semelhantes desapegos, caso os mesmos venham a acontecer?

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 03/02/2025
Reeditado em 27/02/2025
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