FESTA DO PADROEIRO

Festa do padroeiro tem sabor de reencontro. Nada mais interionano, mais característico das pequenas cidades que a sua festa de padroeiro. A cidade inteira prepara-se para os dez grandes dias de festa religiosa e profana. O clima festivo parece presente no ar, as residências recebem pessoas que vêem de outras cidades, filhos que moram foram, parentes distantes, amigos, amigos dos amigos e assim, cada casa vira uma espécie de pousada, a população praticamente dobra, há gente na rua o dia inteiro, sem falar naquelas pessoas que vêem apenas para as festas noturnas.

É um momento ímpar na vida da cidade. A Igreja, responsável pela parte religiosa recebe os fieis o dia inteiro, na missa da manhã, nos batizados, casamentos e nas novenas – ponto alto da festa. A banda de música é um espetáculo a parte, acorda a cidade com sua alvorada, saúda os munícipes ao meio-dia com a salva e após a novena faz seu desfile até a praça dos festejos, é assim em quase todas as cidades.

Mas falo em especial da festa de São Sebastião, padroeiro de minha Caraúbas, uma das maiores festas religiosas do interior do estado. Como é bom visitar Caraúbas neste período do ano, reencontrar velhos amigos, sentar à tarde na calçada e observar os visitantes a passear e visitar os parentes, saber as novidades, quem casou, separou, voltou a morar na cidade ou foi embora para outro lugar. É uma confraternização. Dia 17 é o mais especial para quem mora fora. É a noite dedicada aos “filhos ausentes”.

Há sempre um almoço ou jantar onde se reúne o maior número possível de caraubenses “ausentes” e presentes e a festa é sempre muito animada. Tica Soares, grande amiga e colunista social é uma das competentes organizadores desse maravilhoso evento. É também o dia de comemorar o aniversário de minha cara metade. E a cidade festeja junto conosco.

Já morei em muitas cidades, mas em nenhuma a festa do padroeiro tem o sabor, o clima de festa que vivo em Caraúbas. Gosto da festa de Sant’Ana em meu adorado Caicó, sinto saudades de Natal, mas nada se compara ao período de 10 a 20 de janeiro em Caraúbas. É pura magia! Há mais de 25 anos, estando onde estiver eu vou à Caraúbas neste período, é um encontro com minhas raízes, e nem importa o fato de não ter nascido lá, sinto-me caraubense e pronto, é lá que tenho a sensação de pertencer a um lugar, ser parte de uma história.

Sou cidadã caraubense, já o era antes de receber o título concedido generosamente pela Câmara Municipal por indicação da vereadora Alzenira Silva – Didira, para os mais íntimos. Chegar à Caraúbas é como retornar ao meu lar depois de uma longa viagem. É uma gostosa sensação de aconchego, paz e acolhimento. Sinto-me entre amigos.

Que possamos cultivar esta tradição e jamais deixar morrer a fé que torna a festa religiosa cada vez maior e o sentimento de carinho e amizade que torna especial as festas profanas. Que este possa continuar sendo o período de reencontrar amigos, conhecer novas pessoas e solidificar antigas relações. Façamos cada vez mais de Caraúbas a nossa terra, o lugar onde é agradável ir passear e reencontrar amigos. Façamos justiça à letra de seu hino “Caraúbas de tardes amenas, terra amada de leal tradições (...) quem te deixas suspiras ao partir(...)”!

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 20/01/2008
Reeditado em 27/06/2008
Código do texto: T825529
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