PESCARIA NA MESA DE BAR
Quanto mais eu vivo, mais tenho certeza que estou entrando num processo e que em breve não sairei de dentro de mim, nem mesmo para pescar.
Por falar em pescar, ontem estive conversando com um pescador que sempre vai para o Porto da Barra ou praia do Farol para jogar o anzol. Perguntei se era melhor pescar em mar aberto ou na Baía de Todos os Santos e se tinha algum risco. Ele me respondeu: “Tanto faz, porém na baía tem marisco”. Ficou pensativo e completou, “Risco não. Talvez um escorregão”.
Perguntei-lhe então, se sempre que ele ía ao mar se trazia peixe. Ele respondeu, “Nem sempre, doutor. Mas, não reclamo com Iemanjá”. Olhou para mim por alguns segundos e abrindo sorriso maroto me disse, “Mas, também, nunca botei nenhum peixe lá”.
Sorrimos e pedimos mais uma cerveja. Eis a graça do bate-papo de botequim. Viver é correr riscos. Conversa fiada, às vezes, pode não valer nada, mas pode ser cheia de graça e sabedoria.