São Paulo, meu amor

Sampa acordou chuvosa. Os moleques do farol estão debaixo das árvores. Hoje vai ser difícil levantar uma grana. Nada de malabares, de balinhas, de bandeira e carregador. Hoje tem que ser mais rápido. Limpar o vidro do carrão com a chuva no lombo.

- Uma moeda, tio?

Sampa acordou chorando. Os motoqueiros hoje vão dar um tempo. O tempo não está bom para alvoroços. Hoje não causa tanto estrago. Hoje eles vão dormir. Nem o metrô vai ter piripaque.

Sampa acordou pingando. Passou a noite meio recolhida. Na encolha. O traveco ficou debaixo da marquise. O michê entrou correndo no carro, nem negociou direito. A puta cansou no salto, parada no mesmo ponto.

Sampa acordou esquisita. A noite não rendeu. Chuva, meio frio. Mas o baladeiros e seus carrões não se privaram de nada. O moleque ainda ganhou uns trocos na madruga.

- Uma moeda, tio? Valeu!

Sampa acordou vazando, o Tietê ainda aguenta. Reformado. Tem trecho até bonito.

Sampa acordou do seu sono que nunca dorme, com ou sem sol.