Meus 20 anos de mundo
Falta uma semana para o meu aniversário. Daqui a sete dias completarei 20 anos. Época de aniversário é sempre nostálgica, você fica pensando nos anos que passaram e no proveito que tiramos desses anos de experiência. Eu, por exemplo, mudei muito desde minha pré-adolescência, se é que posso chamá-la assim. Não me lembro muito bem dos problemas sociais brasileiros na década de 90, eu tinha menos de dez, e depois, um pouco mais de dez anos. Mal lembro da entrada do Real, da mudança de nossa economia e do governo FHC. Lembro de um ou outro título conquistado pelo Inter, lembro da minha infância, mas não estava nem aí para o mundo, para o país, para a sociedade. Eu era apenas mais um ser respirante. E ainda sou. A diferença é que quando somos crianças, e posteriormente adolescentes, esquecemos do mundo ao nosso redor. Somos egoístas, só queremos saber de nós, não aceitamos nenhuma explicação e usamos argumentos sem fundamentos em busca de um objetivo fútil. Quando criança ainda é tolerável e na adolescência pode ser respeitado como uma fase. Sou da tese de que nossa personalidade começa a ser formada, em princípio, na aborrecência. É quando surgem os primeiros interesses. Antigamente, os primeiros interesses eram: se casar, arranjar um bom partido, ter um bom relacionamentos com seus pais, ter filhos, uma doutrina a seguir. Hoje, os primeiros interesses é beijar na boca, perder a virgindade, ir a um baile funk ou a uma rave, experimentar algum tipo de droga, sejam elas lícitas ou ilícitas. Gente esse é nossa sociedade moderna! A sociedade que cria tecnologias de primeira mão e ao mesmo tempo regredi no que diz respeito a sua evolução. E eu aqui....prestes há completar 20 anos. Tento avaliar não só a minha perspectiva de vida, mas a perspectiva do mundo.
Dia desses fui caminhar no centro de minha cidade e fiquei impressionado com o descaso de grande parte da sociedade jovem, da qual eu me encaixo, com o meio ambiente, com a saúde, com a atual situação do país. Ninguém estava preocupado com isso. A principal inquietação é por arranjar um “trampo” e conseguir dinheiro para ir em uma festa, tirar a carteira de motorista, comprar um carro. E eu aqui...andando de bicicleta, reciclando lixo, guardando o oleio de cozinha... Será que minhas atitudes são em vão? Estou prestes a completar 20 anos! São duas décadas! E por vezes me sinto como um homem de 30, por vezes me sinto como um garoto de 16. Talvez eu esteja em uma fase de transição, assim como a nossa sociedade.
Ah, já ia esquecendo, agora a moda é corrupção. Fraude no Detran, obras superfaturadas, despesas pessoais pagas com verbas públicas...e eu aqui, prestes a completar 20 anos. Ninguém é punido, a justiça é cega, a educação, por incrível que pareça, carece de educação, e nossas reformas políticas é uma vergonha internacional. Qualquer país normal e racional tem dois ou três partidos, mas como isso! Nós somos um país tropical, carnavalesco, temos as mulheres de maiores bundas do mundo, aqui é tudo festa. É crime organizado, governos paralelos em favelas, sistema prisional defasado, políticos gastando 15 mil em um gabinete e povo brasileiro dizendo: Tudo bem. Não cobramos, somos broxas. A nossa política é reflexo do que é grande parcela dos brasileiros: Broxas, sem cultura, sem ideologias, sem uma opinião formada. Somos golpeados por falsas promessas a cada dois, quatro anos, mas: Tudo bem.
É...e eu aqui, prestes a completar 20 anos. Sou muito jovem pra viver tudo isso. Prefiro voltar à minha infância, à minha adolescência e achar que o planeta tem o mar azul, que as nuvens são feitas de algodão e por que não: que viemos de um caroço. Quero minha inocência de volta, quero minha filosofia surreal de volta, pois estou para completar 20 anos em mundo que não terá 20 anos pra desfrutar de suas belezas naturais, se continuarmos a praticar nossas hipocrisias rotineiras.