Circos

Os circos tiveram papel muito importante na minha infância. Quando eu tinha uns 7 anos e morávamos no 327 da Carlos de Campos, nós íamos ao circo quase todas as noites. Era o Circo Teatro Rosário, que ficava em um grande terreno vazio, entre a rua São Carlos e a avenida João Jorge. O meu pai tinha consertado uma carretilha de esticar a lona de cobertura do circo, e recebeu em troca uma entrada grátis para todos os espetáculos do circo, que contava com muito bons artistas de variedades, como o palhaço Juruti, e um mágico sensacional chamado Carboni. Mas o mais forte da empresa era o Teatro.

Ali eu assisti, ainda me lembro, grandes peças como “A cabana do pai Tomás”, “Os dois Sargentos”, “Os dois garotos”, “O Gavião do mar”, e algumas comédias sempre bem trabalhadas. Um dia ele se foi e vieram outros circos, agora no antigo campo do Campinas F.C., rua Sales de Oliveira, ali pertinho do “Bar dos Pretos" e Cortiço dos Caiçaras, bem no fundo da Capelinha de São Roque. Foi uma infinidade de circos ali: Circo Politiama Oriente, que tinha um palhaço muito bom chamado Picolino, veio o Circo Teatro Navarro, o Circo do Nhô Bastião, o do Pelanca e do Zepelim, o do Nhô Frozino, e mais alguns com menos fama, mas todos deixaram atrás de si um esteira muito brilhante e gostosa de eu lembrar, pois pegou a maior parte da minha infância, risonha e franca, e se foi !

Mas foi ao Circo do Pelanca que eu fui mais, pois como o dinheiro não era fácil, arrumei com o Sr. Joaquim Garganta, nunca soube o seu sobrenome, para entrar no circo com as maletas dos músicos dele. Ele era o maestro da banda que tocava no circo, e cada músico da sua banda podia deixar um garoto entrar junto, com ordem do Pelanca.

Nós íamos esperá-los ali pertinho, em frente ao “Bepe Barbeiro”, para pegar as partituras enquanto eles tocavam alguma coisa para chamar a atenção do público. Tocavam mais uma vez na porta do circo, depois entrávamos e, lá dentro devolvíamos as partituras e ficávamos à vontade. Grande fase que não pode ser esquecida. Ainda hoje me lembro como era bom ouvir o Pelanca dizer para a sua cachorrinha de pano: “..Pula Violeta.”. Sempre que ele colocava o seu parceiro, o Mário, em sinuca nos diálogos, o meu pai dizia que o palhaço não era o que vinha com o rosto pintado, mas sim seu ajudante, e no caso era o Mário.

Circos da minha vida

De lonas rasgadas

Ou novas e coloridas

O meu pensamento em vocês se demora

Pois sei que quando partiram

Também minha infância foi embora

Este é o último verso de uma poesia que fiz para o dia do Circo.

Laércio
Enviado por Laércio em 19/01/2008
Código do texto: T823707