Seu Augustinho
Seu Augustinho vive a vida sozinho, apreciando sempre o seu cigarro com a perna cruzada numa cadeira. O bar é sempre sua preferência, não pela bebida ou petiscos, simplesmente para sentar e bater papo, até chegar a hora de ir dormir. Sua casa é apenas um silêncio, é como se não morasse ninguém, pois para seu Augustinho é apenas um lugar para se abrigar nas noites. Seu Augustinho vive assim, sem alardes, com um jeito meio boêmio, hora ou outra misterioso, sem falar muito do passado, apenas de um sonho de num futuro próximo voltar para a sua terra natal.
Não dá para decifrar em seu olhar marcas de remorso, de tristeza ou dor, apenas alguém que está apegado a viver o momento sem se preocupar. Às vezes nos perguntamos se ele está apenas tentando fugir do passado ou talvez de alguma desilusão. O fato é que a sua vida simples nos chama atenção, pois seu Augustinho vive assim, de seu jeito, sem encher o saco de ninguém, sempre com um sorriso no rosto, curtindo seu aposento, até o dia em que chegar a hora de sua partida.
Essa crônica em nenhum momento quis ser invasiva, apenas quis deixar registrado seu Augustinho representante de tantos por aí, que vivem suas vidas, sem se apegar a padrões ou obrigatoriedades impostas pela sociedade, apenas vivem suas vidas, sem maltratar ninguém, sem dar palpites nas vidas alheias, sem a preocupação de competir com outros ou até mesmo de viver se martirizando com as comparações, seu Augustinho só leva a sua vida leve, se é feliz ou triste, se sofre ou não com a solidão, não importa, para ele a vida acontece assim, sem amarras, sem exigências, sem pressa, muito menos preocupações, apenas com a leveza de quem apenas peregrina por essa terra, contemplando o itinerário dos acontecimentos, até o dia do embarque final.
06/01/2025 as 19:30 h em casa