BRASIL, QUE PAÍS É ESSE?
Primeiro de janeiro de 2025. Como de rotina, a primeira coisa qu’eu faço após acordar é o serviço judaico Mode Ani, onde agradeço ao Eterno por restaurar-me a vida em função de sua grande misericórdia, ao qu’eu digo: "Modeh ani lefanekha melekh cḥai vekayam sheheḥezarta bi nishmati b'ḥemlah, rabah emunatekha". Que traduzindo, significa: "Eu te agradeço, Rei vivo e eterno, porque fizeste com que minha alma voltasse a ter compaixão; abundante é a tua fidelidade". E somente após este serviço [de oração] dou sequência ao meu dia.
Bom, durante o café da manhã, como de hábito, busco saber as notícias em meu celular. E após dar uma rápida olhada nas manchetes, confesso que uma me chamou mais a atenção, ao que li (no site da CNN BRASIL) que o juiz do Paraná, Benjamim Acácio de Moura e Costa defendeu a liberdade e o trancamento do fato conhecido (e divulgado para o mundo inteiro) em que um policial penal bolsonarista, Jorge Guaranho, matou (em julho de 2022) o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), Marcelo Arruda, cuja ação foi filmada e, portanto, registrada.
Caríssimo leitor, antes de mais nada, quero aqui deixar claro que eu não sou “adorador de nenhum nome político”, não me visto com nenhuma “roupa partidária ou ideológica ridícula", onde não fundamentalista, não sou nem da “esquerda” e muito menos da "direita". E em razão pela qual não me deixo contaminar pelo mecanismo psicológico da “IDENTIFICAÇÃO”, busco ser neutro, e sempre tendo o cuidado de ser justo diante qualquer fato.
Então, que é visível no país uma “PSICOSE DE MASSA" (psicose coletiva) não há como negar (a não ser por suas miseráveis vítimas), onde tal sintoma é percebido a partir de atitudes peculiares de pessoas fanáticas e apaixonadas por seu ídolo, pelo que lhes afeta a capacidade de julgamento. Na verdade, eles nem julgam, não questionam, nada avaliam, nem apresentam argumentos sensatos e racionais. E vivem como se estivessem destituídas de seus cérebros. E, dado ao que está havendo, chega a ser tema de estudo para muitos psicólogos, psicanalistas e psiquiatras.
Meu prezado leitor, que o Brasil é um dos maiores exemplos de “justiça” no mundo é outro fato inquestionável. Sim, o Brasil é um dos maiores exemplos de como a “justiça” muitas vezes favorece mais o infrator ou criminoso do que a real vítima. Seria como a se afirmar: “NO BRASIL O CRIME COMPENSA”. E exemplos não faltam em função de crimes bárbaros onde o criminoso cumpre uma pena bastante curta (com certeza para não dizer que ela não foi aplicada), onde tomo a liberdade de citar o goleiro Bruno, a ator Guilherme de Pádua, a psicopata Susane Richthofen, dentre outros. Ou seja, a piedosa justiça brasileira, após um tempo, praticamente absolveu tais “ilustres celebridades”, de forma que os desobrigou da culpa imputada, como a se dizer: julgando-os “inocentes”.
Respeitável leitor, responda-me com sinceridade: O que você acha disto? Se você fosse familiar das vítimas qual seria a sua reação? Tudo bem, talvez você vá jogar na minha cara: os que você chama de “vítimas” não eram “santos”, pelo que não eram “boa bisca”. Ou então me dirá aquelas hipócritas palavras: “todo mundo merece uma segunda chance”. Mas aí eu lhe pergunto: O que te leva a ser “advogado de defesa” de pessoas extremamente cruéis? A resposta é simples: IDENTIFICAÇÃO COM ELES. Aproveito para lhe perguntar: E se você estivesse no lugar de quem foi covardemente assassinado, será que teria “uma segunda chance”? Meu caro, ponha uma coisa na sua cabeça: quem morreu não tem mais uma "segunda chance".
Bom, talvez você irá dizer que eu estou mudando o assunto principal, que foi a respeito do juiz Benjamim Acácio de Moura e Costa. Mas agora eu é que irei julgar o devido magistrado (em função de sua conduta), e anexarei suas próprias palavras, no que eu li no site, onde, segundo ele, o assassino atuou em “legítima defesa”: “Não afasto, em hipótese alguma, a legítima defesa desse caso. Neste caso, não há elemento consistente para denuncia”. E com estas palavras o defendeu. Meu amigo, qualquer pessoa sensata e, portanto, racional, e que viu as cenas (registradas em vídeos) pode constatar que o que houve foi um ataque (e nada de defesa), onde ele volta naquele espaço (o qual não era dele, mas, sim, da vítima que, diga-se de passagem era o dia de seu aniversário) e já não mais ameaçava, partindo para a execução (literalmente falando).
E os argumentos do juiz não terminam por aqui, pelo que ele transferiu a culpa na própria vítima, onde segundo o seu parecer o tesoureiro Marcelo Arruda era um “ser humano violento”. “Eu, com toda humildade, vou usar a divergência, e é uma questão humanitária darmos a liberdade para ele. Voto em conceder o habeas corpus e trancaria a ação penal“, ao que concluiu em sua interpretação. Raciocinemos: para que o juiz declarasse que a vítima era (conforme ele disse) um "ser humano violento" ele deveria ter um conhecimento vasto a seu respeito. E outra coisa mais: nada justifica o seu assassinado, mesmo que ele fosse, de fato, "um ser humano violento". Resumindo: o parecer deste juiz está "maculado" com o mecanismo psicológico da "identificação".
Meu amigo, avaliemos a conduta deste magistrado, ao que repito: Ele está sendo “parcial” com o réu. Na verdade ele está sendo o seu maior “advogado de defesa”, não atuando dignamente como juiz, o que já é um erro. Então, tentem imaginar a leitura da sentença (caso o réu for condenado pela equipe de jurados), ao que eu não duvido que ele faça uma leitura falsa do que foi concluído.
Pois é, caríssimo, por estes dias um sobrinho meu esteve visitando New York e me enviou fotos do Edifício Dakota, onde o ex-beatle John Lennon morava e foi morto a tiros por um fanático. E vendo as imagens conclui comigo: John Lennon teve muita sorte de ter sido assassinado nos EUA, porque se tivesse sido no Brasil o assassino já estaria solto, e, quem sabe, hoje seria um pastor evangélico (que se diz profundamente arrependido, mas que se "converteu agora para Jesus") ou coisa parecida. E essa conversa de dizer que muitos bandidos trocaram a pistola "Magnum 357" por "Mateus 3:5-7" tem "levado no bico muita gente". Que, cá pra nós, meu caro, para não mofar na cadeia vale tudo, até dizer que a partir de agora sua alma pertence somente a Jesus. E o resto fica aos encargos de um bom advogado. E assim (oh! glória a Deus!) eles se tornam "terrivelmente evangélicos". Ah! Deixa quieto, mas é verdade o qu'eu digo.
E por que assim digo tudo isto: simplesmente por causa da vergonhosa justiça brasileira, onde aqui talvez (sei lá!) “o crime compensa”.
Bem, na sequência da manhã, como de costume recito a “Oração da Amidá”, onde me concentrei ainda mais na “Bênção da Hashavat Mshpati" (Bêncão do Retorno da Justiça), onde rezamos: "Restitui os nossos juízes como outrora, e os nossos conselheiros como nos primeiros tempos. Tira de nós a aflição e a tristeza, e reina sobre nós, depressa, somente Tu, ó Adonai, com graça e com misericórdia, com caridade e com justiça. Bendito sejas Tu, Adonai, ó Rei que amas a caridade e a justiça".
Bom, vou ficando por aqui. Se você não gostou do que eu escrevi peço apenas que se coloque no lugar dos familiares das reais vítimas. Sim, faça isto, antes de dizer qualquer coisa!
01 de janeiro de 2025
IMAGENS: INTERNET