Três beijinhos e assopros quantos forem necessários
Todo o turista em visita ao Brasil fica encantado com nossa reciprocidade e o fato que, ao encontrar amigos ou parentes, ou seja lá quem for, dar três beijinhos na face. Confere? Confere. Então, além do aperto de mão e o tapinha nas costas têm os três. E tem que ser três, só não sei porquê.
Em Totswana, sul da África, existe a tribo Wayeyi que fala o idioma shiyeyi. A jornalista americana Raquel L. Swarns do jornal New York Times os visitou para escrever um interessante artigo tratando do descontentamento dos idosos ao perceberem que o shiyeyi está desaparecendo em razão dos jovens abandonarem a aldeia em busca de trabalho. Título: “Uma velha língua ainda vive”. O que chamou a atenção, embora não fosse o foco da matéria, é que, para desejar boa sorte aos amigos e parentes, os wayeyi têm por costume assoprar uns nos ouvidos dos outros. Não diz quantas vezes.
Isso me lembrou que o pai de um amigo era cliente de uma cabeleireira que, além do cabelo, cortava também os pelos dentro das orelhas. E como os tirar? Ela assoprava quantas vezes fossem necessárias ao ponto do freguês comentar que por uns 15 dias ficava ouvido melhor.
Outro fato interessante envolve uma vereadora que nos festejos do munícipio cumprimentou toda a família com os três beijinho, menos o chefe, um cidadão que fazia tudo para sair do anonimato. Cinco meses depois a vereadora concorreu à reeleição e visitou o reduto do ‘desprezado’. E outra vez os beijos não vieram. Por conta disso o ‘ilustre’ exigiu que membros da família não votassem na ‘beijoqueira’. Mesmo assim se reelegeu. Infelizmente um avc não a permitiu assumir o segundo mandato. O ‘desprezado’ também não teve sorte e se foi 27 dias depois. Como está sendo a discussão de ambos lá no plano espiritual não faço a menor ideia e, se soubesse, não teria como aqui expor. E também não estou com pressa em saber. Um ‘vum’ nos ouvidos de vocês.
Para 2025 três beijinhos.