Velas ao vento

Impressiona a todos, mesmo os que praticam o esporte, o singrar dos barcos à vela.

Meio mágico, romântico e poético, não sabe o mero expectador que um veleiro e a arte de conduzi-lo não é fácil. Exige conhecimento de ventos e correntes, marinharia que envolve desde os mais simples nós, que não são poucos, princípios de meteorologia, pois você pode ser apanhado por tempestade e não prossigo para não cansar.

Mas uma vela ao vento...! Como é linda, tanto para quem olha, quanto para quem está no veleiro.

Para quem pensa que velejar é apenas um esporte, ou “hobby”, é bom esquecer. Longe disto. Quem veleja aprende a ficar calmo, a seguir as regras da natureza, a conduzir com segurança, muitas vezes, um minúsculo barco diante da grandeza do mar.

O mar, como a vida, guarda segredos de toda a sorte. É escola de formação para o caráter disciplinado, torna os seus discípulos em homens determinados e com sabedoria, qualidades adquiridas com o tempo.

O indescritível silêncio das águas... O prazer de estar contando com as forças da natureza e absolutamente integrado a elas, o sentir chegar ao seu lugar, tudo isto leva quem anda embarcado num veleiro, por mais simples ou mais sofisticado que seja, a uma melhora interior grande.

O mais interessante é que a maioria das pessoas encanta-se ao mirar um veleiro. Um fato normal, pois é uma cena muito interessante mesmo, recordando nossa História. Fomos descobertos, ou melhor, encontrados por veleiros, no tempo da saga das caravelas de Portugal e Espanha.

Foram tempos difíceis. O marinheiro contava com a bússola, a balestilha, um instrumento de medir a altura do Sol quando da sua maior altitude, chamada passagem meridiana do Sol. Não tinham os navegantes relógios de confiança, capazes de dar a hora certa. Valiam-se desta passagem meridiana para calcular com grande proximidade o meio-dia.

Hoje, o GPS, instrumento pouco maior do que um celular, fornece, a qualquer hora do dia ou da noite, esteja chovendo ou não, com o mar tranqüilo ou ameaçador, a exata posição do seu barco. Progressos do mundo contemporâneo. O navegador, que ficava atento observado os astros, e muitas vezes era impedido de tomar a sua altura em relação ao horizonte, o que fornece um lugar razoável, podia ser impedido pela passagem de uma intempestiva nuvem. Perdia a oportunidade.

É claro que ninguém pode ser contra o seu uso. Simplificou com extrema facilidade a posição no mar, independente de claridade, mau tempo, hora certa e outros acontecimentos. Por capturar sinais emitidos por satélites de navegação, o GPS fornece quase imediatamente onde estamos.

Mas posições de veleiros no mar não interessam.

Não é esta a poesia. O que deslumbra, na verdade, é ver um veleiro, seja qual for a hora do dia, navegando e enfeitando a paisagem, trazendo sonhos, enfeitiçando por conseguir andar contra o vento, vela branca ou colorida, indo para não se sabe onde, como nós mesmos.

Encanto...