Fragmentos de Natal
Natal se aproximando e a gente sente um arrepio. Tristeza, alegria, saudade, ansiedade...uma mistura de sentimentos. Eu sei que você sente isso e você não é o único. Eu sinto a mesma coisa. Sinto falta dos Natais que passava com meu pai, principalmente de poder sentir o aconchego do lar na noite fria de Natal sabendo que o provador da casa estava ali, conosco. Meu velho pai, como bom cozinheiro que foi, amava preparar a ceia de Natal e ano novo. Tinha que ser tudo do jeito dele. Modo tradicional de preparar o peru e a quantidade exata de ovos para fazer o pudim de leite. Nem mais e nem menos. E assim, ele repetia esse ritual todos os anos. Se ele tivesse que sair umas dez vezes no mercado pra comprar algum item faltante, ele iria. Não tinha preguiça afinal, era uma data importante, diferente e Cristo estava presente. Mesmo não sendo um cristão ele respeitava certas ocasiões e dizia que não podia-se deixar passar em branco.
Quando ele se foi, achei injusto preparar qualquer coisa pois iria automaticamente lembrar dele e doeria.
Desde muito jovem eu tinha a mania de gritar por justiça, sempre esbravejei dizendo que a vida é injusta. E realmente ela é injusta. Mas eu apenas reclamava, sem entender. E foi quando meu pai partiu que tive realmente a prova de que é injusta. Ao mesmo tempo que aprendi que Cristo veio ao mundo para nos provar isso e também para mostrar que Deus é justo. Que só existe uma maneira de passar pela vida sem ficar lamentando. Entender o quanto Deus é justo e perfeito.
Por mais que eu me rebelasse e gritasse, eu deveria entender que Jesus não abriu a boca, mesmo estando cercado de injustiça. Ele apenas orou e pediu que eu não saísse desse mundo, que eu não tinha esse direito de sair por conta própria mas, que Deus na sua infinita misericórdia e bondade me livrasse do mal. E assim eu vivo porque não existe ninguém que aguente viver em um reinado de injustiça sem a proteção Divina. Torna-se pesado demais. E quando a justiça nos alcança, surge uma paz não se sabe de onde. Uma paz que nada tem a ver com a paz corriqueira que falam por aí. É uma Paz que vai além do que compreendemos. É assim que sinto Deus enxugar dos meus olhos toda lágrima e consigo sobreviver em meio a saudade de meu saudoso pai.
Então, Natal pra mim traz um certo peso por conta desses sentimentos que me pegam de jeito. Mas nem por isso vou deixar a esperança da justiça minguar.
Desejo que cada um tenha um Natal maravilhoso, seja em meio a saudade, tristeza, alegria, o que importa é a esperança.
Feliz Natal!!
Andreia Caires
( Fragmentos de uma borboleta e outras crônicas ) 2024
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