Acredito que, de toda história que vivemos, sempre levamos um capítulo no peito. Algo a ser guardado e lembrado com carinho e esmero. Das minhas histórias — não posso dizer que foram muitas, porque ainda tenho tantas para viver — carrego comigo diversos capítulos, alguns vividos uma, duas ou até três vezes. Pessoas que fizeram ou fazem parte da minha vida e que contribuíram, cada uma à sua maneira, com um capítulo único dessa narrativa.
Elas construíram suas próprias histórias e, em alguns casos, me permitiram (ou nem tanto) rasgar uma ou até quatro páginas do livro delas, entrelaçando as memórias de suas vidas com a minha. Coleciono boas lembranças — e algumas nem tanto — afinal, o que seriam dos acertos sem os erros? O que seríamos nós sem as histórias que carregamos? Sem as pessoas que, de alguma forma, passaram ou permaneceram em nossas vidas?
Na minha coleção de lembranças, guardo sorrisos, apertos de mãos, uma troca sincera, uma briga e uma reconciliação. Carrego mensagens copiadas e coladas no bloco de notas, salvas na nuvem das memórias. Carrego datas importantes, músicas, livros, indicações, filmes e comidas. Carrego um perfume, a etiqueta de uma blusa, a passagem de uma viagem feita para visitar alguém especial. São essas pequenas coisas que me fazem seguir em frente e sorrir à toa.
Confesso que descobri ser a dona de uma coleção de lembranças: do passado e do futuro que, de algum modo, se faz presente no agora. Mas algo importante que aprendi é que não faço dessas lembranças o meu presente. Eu apenas as guardo em uma caixinha mágica, que revisito vez ou outra, sem deixar que elas me prendam. Porque, no final, são as boas memórias que iluminam o caminho e aquecem o coração.