Meia palavra
A origem da frase «A bom entendedor, meia palavra basta» é o francês «A bon entendeur, salut»? O Dicionário de Provérbios de Roberto Corte de Lacerda et al. (Lisboa, Contexto Editora, pág. 2000), apresenta «À bon entendeur, salut» como provérbio francês equivalente a «a bom entendedor, meia palavra basta».
Dando conta de que não são necessárias muitas palavras para um bom entendimento entre as pessoas, esta frase está coberta de sutilezas, pois sugere que os interlocutores compreendem o sentido exato do que se disse por meio das mais leves alusões. Às vezes, é pronunciada também como advertência ou ameaça disfarçada de boas intenções.
Os franceses são ainda mais sintéticos: para bom entendedor, meia palavra. Frase proverbial, este dito recomenda a concisão no falar, nem sempre aceita pelos latinos, cuja exuberância vai além da fala, estendendo-se também aos gestos.
Entretanto, seus dois registros mais famosos foram feitos por autores espanhóis: Fernando Rojas (1465-1541), na célebre comédia A celestina, e Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), em Dom Quixote, mas com a variante “A buen entendedor, breve hablador”. Exemplos de que não parecemos bons entendedores são nossas leis, inclusive nossa Constituição.
No Brasil há leis definindo, para efeitos de comercialização, o que é ovo e que tipo de multa deve levar um carroceiro na cidade de São Paulo.
Origem etimológica: locução latina que significa "ao inteligente poucas palavras".
"intelligenti pauca", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, In: https://dicionario.priberam.org/intelligenti%20pauca .
Somos constituídos eminentemente pela força criadora da linguagem e é justamente ela que nos caracteriza como “seres humanos”; a criatividade linguística faz com que nos destaquemos em meio a todos os outros animais. Estes possuem voz (phoné) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (lógos) – o signo linguístico composto de significante (imagem sonora) e significado (representação mental) –, componente gerador da linguagem verbal como instituição social.