Epopeia do coração
• Dia 1
Primeira parte
Veio a aurora... e as flores em meu peito — ao soar do violino — exalam o perfume que de ti roubaram.
Ansiando por ti, ainda nos pálidos raios da manhã, fui apressado para o ofício: sonhar acordado pelo dia adentro. Esperando, então, deitar no teu abraço.
Outorgando para si a glória, chegou ao topo dos céus o astro rei.
Imitando o gesto imperial daquele que rege o dia, a ânsia por vós tomou por completo os meus pensamentos...
E até meus suspiros eram servos fiéis dos apaixonados pensamentos sobre ti.
Já próximo da partida do sol, enquanto eu via descer a cortina de luz naquele infinito céu azul-marinho, a calmaria beijou-me a face...
E, num lampejo reminiscente, ecoaram em minha alma as doces e serenas palavras:
"Todas as coisas têm o seu tempo, todas elas passam debaixo do céu segundo o termo que a cada uma foi prescrito".
Recordara meu coração que o doce reencontro, pela mão da Divina Providência, já estava desenhado desde a Eternidade.
• Dia 1
Segunda parte
Caminhando apressado em direção a ti, meu coração entoava melodias serenas e teu nome corria por minhas veias.
Logo que te vi, meus sentidos se elevaram.
No oceano do teu abraço me perdi... assim como uma gota ao mar perde-se para si... e então ganha uma eterna grandeza.
E, no teu amor, propendi ao eterno logo que encontrei, na candura dos teus olhos — na janela de tua alma!—, o amor de Deus...
Encontrei os resplendores da criação...
Encontrei a luz do firmamento que guardas em teus lábios...
O doce aroma do Éden suspirando em tua pele...
A glória dos coros angélicos ecoando em tua voz...
O explendor da minha missão, então, se fez claro:
Na infinitude de tuas graças está oculta a voz de Deus a me chamar...
Pois só hei de ser digno de te amar, quando as chamas da Divina Graça — *em meu coração* — encontrarem um lar.