___________________A MULHER DO AVIÃO
Hoje, desde ontem, não se fala noutra coisa a não ser sobre a polêmica do avião: uma mulher que ameaça, uma criança que chora, uma passageira que só quer ir à janela, na base do "daqui não saio, daqui ninguém me tira", uma discussão por causa de assento, uma plateia de milhões julgando o drama ( que só não é barato, porque viajar de avião nunca foi barato). Perplexa, não quero comprar esta confusão que não me pertence, mas que invade minha vida por todas as frestas, a todo momento, a qualquer acesso que eu faça neste reino tecnológico, que só falta nos enlouquecer.
Alguém me pergunta de que lado eu estou. Eu deveria estar? Esse problema não fui eu que arrumei, então não me cabe opinião. Não é a mulher da ameaça que me intriga, não é o choro da criança, não é a "classe" da moça. O que me intriga é a bola de neve que uma coisa simples vira de repente. Tudo porque um vídeo caiu nas redes e tomou conta da vida do país. É assustadora a proporção que a coisa toma. O que me custa mesmo é entender a necessidade desta discussão e o grau que as coisas tomam quando o povo vira dono do certo e do errado. Certo mesmo é que daqui a pouco, cinzas cairão sobre o caso e ninguém mais se lembrará dele. Tudo há de durar até que outra coisa aconteça. Se "A vida vem em ondas como o mar", de vez em quando ela vem também como um voo. E segue a vida para outra aterrissagem, até que novo assunto decole. Sem deixar mortos nem feridos, de preferência.