JÁ FOI
Francisco de Paula Melo Aguiar
Não se come o fruto no mesmo dia em que a semente é plantada.
Agora por analogia não é diferente com o "saber" que se aprende na escola e a "sabedoria" que se aprende fora dela com o mundo.
Em lendo o pensamento constante da obra do escritor, romancista, biógrafo, poeta e dramaturgo austriaco de origem judaica Stefan Zweig (Viena, 28 de Novembro de 1881 – Petrópolis, 23 de Fevereiro de 1942), ele nos afirma textualmente que “toda a beleza do ser humano consiste em se tornar algo melhor do que já foi", isto significa algo parecido com um filtro d'água que "purifica" e elimina em tese às impurezas e/ou bactérias invisíveis, porque as visíveis são vistas a olho "nu" em quaisquer situações, antes de ser "bebida" para matar a sede.
E não é por acaso que sacerdotes, gurus e ou líderes (governos, políticos, padres, pastores, pai de santos, rabinos, etc) religiosos e ou laicos, por exemplo, são justamente "aqueles que anunciam que lutam a favor de Deus são sempre os homens menos pacíficos da terra. Como crêem receber mensagens celestiais, têm os ouvidos surdos a qualquer palavra de humanidade", e por isto mesmo, passam os pés pelas mãos e pregam o que veem à cabeça, fazendo suas ilações com o que acreditam para justificar o injustificável.
E não é diferente a sabedoria humana aprendida no meio da rua ou do mundo e/ou o saber acadêmico aprendido no chão da escola, uma vez que "a tragédia do intelectual é que se sente atraído pela plenitude da vida e tem de ficar atado à sua tarefa, ligado aos deveres que impõe a si mesmo, amarrado ao ordenado, ao prosaico", como um verdadeiro escravo do que fala aqui e acolá para justificar o que faz e ser diferente dos outros ou dos seus concorrentes em quaisquer áreas do saber humano.
De modo que Stefan Sweig diz que "cada um de nós é vencido apenas pelo destino que não soube dominar. Não há derrota que não tenha um significado e não represente também uma culpa", em parte discordamos do que ele chama de "destino", porque "destino" nos parece depender de nossas escolhas boas ou más, assim como o cego em tiroteio que corre sem saber para onde correr para se esconder e não ser achado, portanto isto é tarefa para quem acredita no "destino" ou "carma" para resolver seus novos e velhos problemas. Isto é análogo a "sorte" que só existe por exemplo, para quem joga e acredita nela, vivendo de apelação para ver se dá certo ou errado, quem não joga qualquer tipo de jogo não perde e nem tem sorte porque não jogo por exemplo, na loteria esportivo, no jogo do bicho, nas nets da vida, etc.
A vida não é o texto único escrito para construir e destruir a novela da televisão, porque "a calma é um elemento criador. Purifica, recolhe, põe em ordem as forças internas, compensando o que o desordenado movimento dispersa", isto significa que o dinheiro pode até comprar "tudo" em tese, menos o tempo perdido sem fazer nada ou nada fazer.
Em síntese, nada é de graça na existência e vivência animal, porque "a vida não dá coisa alguma sem retribuição e para cada coisa concedida pelo destino há, secretamente, um preço, que mais cedo ou mais tarde deverá ser pago", custe o que custar, ex-vi que para comer o fruto tem que plantar a semente primeiro, regar e cuidar bem dela para que a safra seja boa e o tempo de esfera não seja perdido. E não é diferente tal raciocínio que para quem quer ser médico, advogado, professor, etc, tem que primeiro ter sido aluno dedicado e cuidadoso e que tenha tido bons professores e observadores dos conteúdos programáticos na teoria e na prática, por exemplo, uma vez que o saber é "dito" na escola para quem quer tomar posse dele, enquanto a sabedoria se aprende com os truques e vícios que mundo oferece gratuitamente.