Ser ou estar? Escolha o verbo.
A palavra felicidade ressoa nos ouvidos daqueles que desejam ardentemente alcançá-la. Para os que já a possuem, ser feliz é sublime, imprescindível. Mas a questão é: Você é ou está feliz?
Do latim felicitate, o termo felicidade encontra-se definido no dicionário como qualidade ou estado de ser feliz. No entanto, acredita-se que tal sensação possa tornar-se uma constante à medida que trabalhemos dentro de nós esse sentimento considerado artigo raro no mercado de sentimentos nobres.
Você está felicíssimo ou encontra-se entorpecido pela incontestável certeza de que podemos ser felizes sempre, mesmo em situações marcadas por um pouco de choro e ranger de dentes. Alegrar-se com as pequenas coisas do cotidiano, dar vazão ao bom-humor há tempos preterido pela sequidão de uma vida de infortúnios, acreditar no otimismo, confiante de que no final o otimista sofreu menos. Tudo isso é possível, porque tudo é possível se tentado.
Tudo bem. Entendo a sua incredulidade. E aquela afirmação que está na ponta da língua, pronta para se transformar no seu melhor argumento também faz sentido. Aliás, faz todo sentido pensar na simples dualidade de tristeza e alegria. Ou uma, ou outra. Não é mesmo? De acordo com alguns dos mais famosos livros de auto-ajuda, não! Não é assim tão simples.
Feche os olhos por alguns segundos e vasculhe seu arquivo pessoal de lembranças agradáveis. Atenha-se em uma ocasião qualquer na qual se sentiu estupidamente feliz. Permita que a sensação reavivada pela lembrança inunde seu ser, provocando a mesma excitação tantas vezes experimentada quando se está verdadeiramente contente, alegre, satisfeito. É assim que deveria ser sempre.
Deveríamos aprender desde cedo que o prazer oferecido pela felicidade é diretamente proporcional à sua habitualidade em nossas vidas. Mas ao invés de nos desfazermos das amarras da dificuldade, facilitando a caminhada a procura do que julgamos quase intocável, insistimos em colocar a felicidade no pedestal mais alto e longínquo. Tão longe que gastamos um precioso tempo buscando, apenas buscando...
Quando encontramos, nos regozijamos com o achado, eufóricos pela sensação maravilhosa que nos preenche e completa. Mas tudo acaba tão rápido! Tudo se dissolve na imensidão de pensamentos negativos, pessimismo e contrariedades. São tantas às vezes em que deixamos escapar o brilho de momentos de alegria cedendo espaço para a amargura de qualquer coisinha desagradável.
Ser, estar, permanecer, ficar... Seja como for, devemos aprender a dar o devido valor às coisinhas, compreendendo sempre que a felicidade está ao alcance da nossa capacidade de senti-la.
“A felicidade não está em fazer o que a gente quer e sim em querer o que a gente faz”.
Sartre