Eis a questão...
Ela já passou uns três anos dos sessenta. Continua bonita. De um jeito diferente, mas bonita. Obviamente o glamour, a graça e a sensualidade da primavera/verão se transformaram em elegância e sobriedade no outono. E continua sendo chamada de Scarlet Moon por causa da cor avermelhada dos cabelos, coisa que é sua marca registrada há anos e anos.
Já lhe disseram mais de duas vezes que a alegria não a acompanha mais.
É verdade. Ela pode até não ser mais a alegria em pessoa, mas infeliz, ah, isso em ela não é não.
Ela continua amando comer a casquinha do sorvete; continua apaixonada por bolsas e sapatos e tendo um monte de óculos de sol; como sempre fez, continua ouvindo uma mesma música seguidamente, até enjoar...
De uns tempos pra cá ela tem novidades: de repente, assim, do nada, descobriu que café é bom; passou a usar e gostar de complementos dourados; passou a usar filtro solar; se encontra com Freud semanalmente; toma medicamentos pra controlar a hipertensão; não pode mais usar sapato de salto alto...
Mas a novidade maior, a que está lhe tirando o sono, é que está a ponto de concordando com o Tempo. Ele tem tentado fazê-la entender, de maneira pouco ou nada gentil: não obstante a boniteza, a felicidade, a elegância, a sobriedadede, é preciso acreditar nos sinais.
Viver longe de uma ótima rede de apoio tem ficado cada dia mais difícil.
(o Tempo é assim, atrevido; chega e joga a verdade na cara da pessoa. Nem adianta se esconder dele.
E que rede de apoio seria melhor que as crias dela?
Ela anda incomodada com esse assunto. Ter uma boa rede de apoio, significa precisar se mudar.
E mudar muita coisa na vida.
Isso é certo. Questão fechada.
Só que mudar isso ou aquilo na vida é sempre um "trem trapaiado", como dizem no interior do interior.
Difícil decisão...
Ah... deixa ela pensar. Né?! E decidir. Porque isso ninguém pode fazer por ela.
Depois eu volto aqui e te conto o desfecho dessa história.