Linha do tempo
Permita-me que te conte como tudo começou. Numa manhã de sexta-feira, em Natal, no encerramento de um curso de capacitação em Educação, tive o prazer de conhecer, pessoalmente, uma pessoa que fechou o evento com uma poesia. Fiquei deslumbrada!
A identificação poética foi instantânea. Numa gostosa sintonia de ideias, conversamos longamente sobre o fazer literário. Falei dos meus devaneios e ouvi os dela também.
Voltando à nossa cidade, tudo foi se encaixando na rotina e nos distanciamos, até que, um dia, ela me ligou, pediu um poema meu para publicar num jornal impresso da cidade. E depois outro e mais outro... Até eu ficar me achando, pois, até então, só havia publicado algumas crônicas. Mostrar o meu lado poético começou a fazer a diferença!
Passado algum tempo, depois de falhar com ela em relação aos inúmeros convites para participar de um grupo literário, resolvi aceitar.
O ano? Não lembro se foi em dois mil e treze ou dois mil e quatorze. Só sei que foi num tempo em que ainda nem sabia que rumo dar à minha vida pós- aposentadoria – haja vista, estar bem próxima. Essas dúvidas me perturbavam dia e noite sem parar.
Ainda insegura, aceitei o convite para fazer parte da Confraria Literária Café & Poesia, que acabara de nascer. Seus membros ainda estavam deslumbrados com a adesão de tantas pessoas. E eu, inexperiente e assustada, era mais uma a precisar de colo e muita orientação. Aportei naquele solo sagrado com um desejo enorme de ser parte integrante daquela egrégora literária!
Acordei, naquele sábado, mais ansiosa que de costume. Aliás, eu havia passado a semana contando os dias. Cuidei logo em adiantar o almoço, pois não sabia ao certo a que horas encerraria o tal encontro.
Foi-me dito apenas que levasse uma de minhas crônicas para ser lida naquela manhã, no Rust Café – local escolhido. A alegria foi tanta que, embasbacada, nem pedi mais informações.
Cheguei no horário marcado. Apreensiva, agitada – tudo era novidade! Mas o abraço de recepção conseguiu me acalmar. Ainda guardo na lembrança a sensação agradável do acolhimento.
Para o encontro também ficou determinado que os textos gerados no grupo seriam compilados em antologias. E, assim, entre estudos literários, recitais, brincadeiras e discussões, foram ganhando corpo as antologias do Café & Poesia, assim como, também, dos Exercícios Literários.
Passados todos esses anos, reflito gostosamente sobre cada momento vivido e que continuam na memória até hoje.
Assim, naquela manhã, fui conhecendo aos poucos as pessoas da Confraria – cada um no seu tempo e do seu jeito, fazia a leitura do texto sorteado e, ao final, tentava-se descobrir, pelo estilo, quem era o autor.
Eu, caladinha, só observava os comentários assertivos. Começava ali, mais um grande aprendizado!
Para minha surpresa, meu texto foi lido por uma amiga querida, Josselene Marques. O coração palpitava de emoção! E, embora não tivesse nele o assunto proposto, a maioria dos presentes o apontou como se fosse de Dulce Cavalcante. Fiquei estática. Se era o estilo de Dulce não sei; afinal, estava apenas chegando, mas minha alma se enalteceu e, a partir daí, busquei o meu caminho. Precisava desenvolver o meu estilo, para que ele fosse inconfundível.
Foram encontros maravilhosos! Muitos dos que começaram já não fazem mais parte por motivos vários. No entanto, outros tantos se chegam a cada encontro.
Conheci, através da Confraria, pessoas ilustres como Lilia Souza, Edmílson Caminha, Ailton Siqueira, Hildeberto Barbosa Filho e outros tantos que compartilharam seus saberes conosco. Além, é claro, dos nossos amigos queridos, que nos dão o prazer da companhia a cada encontro. Sem contar que cada um tem o seu valor em meu coração!
Reconheço, hoje, que foi na convivência da Confraria Café & Poesia que fui adquirindo maturidade na escrita e consegui publicar o meu primeiro livro de crônicas: Rabiscando os Caminhos da Prosa. Depois, entre as publicações das antologias do grupo, publiquei mais três livros solo: O Amor no Tempo e no Espaço, Portal do Tempo e Sutilezas Poéticas.
Assim são os nossos encontros: alegres, instrutivos, recheados de abraços e de um bom café! Ou um suco de laranja, sem gelo e sem açúcar.
Divido contigo, leitor, essas lembranças porque enriquecem os meus dias.
Vamos juntos escrever uma história?