Ser, ou não ser ateu
Ser, ou não ser ateu, eis a questão.
Se formos procurar o significado do termo ateu, num enfoque bem amplo, se entende que é todo aquele, que não acredita na existência de deuses ou divindades. Para o caso dos monoteístas, é aquele sem Deus.
Num enfoque mais restrito dum religioso raiz, provavelmente, ateu seria aquele que não acredita na divindade, da qual é crente, pois o único e verdadeiro é o Deus de sua crença. E, é dentro desse enfoque mais restrito que, na história das civilizações, encontramos conflitos violentos motivados pela diferença de crenças. Cenário onde se mata em nome do Divino.
Esse entendimento é da maior importância, para todos que se entendiam ateus, por não acreditarem na divindade da religião, ou religiões, que tentaram se integrar.
Toma-se como ilustração, um ser que não acredita num deus, que é explicado por teólogos, porque O entende como inexplicável, incognoscível. Um ser que não acredita num deus, que escolhe um povo, porque O entende como Mistério Criador e tudo e todos são Sua Criação e, portanto, privilegiar um povo, um reino, ou um sistema solar etc com Sua escolha, parece mais projeção de a imperfeição da justiça dos homens, onde se encontra a presença da parcialidade com privilégios.
Tal ser, que não acredita num deus, semelhante ao homem, exigente de pagamentos de dízimos, que cuida de o viver dos homens durante as 24 horas de todos os dias e que perdoa seus mal feitos, mediante exorcismos e penitências.
Um ser que, apesar de não acreditar nesse deus antropomorfizado, tem certeza de Sua existência, o indecifrável, o inexplicável, o incognoscível, Mistério Criador, de farta e fácil percepção.
Essa fartura e facilidade de percepção foi tão bem expressa, na aveludada voz do saudoso Agostinho dos Santos, em composição, dele mesmo em parceria com Fernando Cezar, “Balada do Homem Sem Deus”: “Conheço, as tuas obras, / o céu a terra, / o sol e o mar, / o riso da criança, / a esperança, e o luar”.
Um ser que percebe a existência e a presença de o Mistério Criador na Sua Obra, mas, também e, principalmente, nas Leis Maiores, que a tudo e a todos regem.
A ciência intui a existência dessas Leis Maiores, tanto que vem construindo uma série de unificações, entre elas: entre o movimento dos corpos celestes e terrestres (Kepler, Galileo e Newton); e entre os campos elétrico e magnético (Faraday e Maxwell).
Dentro dessa mesma intuição dos cientistas, Einstein, para justificar o insucesso nas tentativas de unificar a gravitação com as outras forças, assim se expressou: “Creio que para fazermos progressos reais (na busca de uma teoria unificada) temos de arrancar novamente da natureza algum princípio geral.”
Já a outra ciência, “Ciência Iniciática das Idades”, sistematizada com base nas revelações dos avataras (reconhecidos como mensageiros de Deus), sempre muito à frente da ciência dos homens, registra os enunciados desses “princípios gerais” (Hermés o Trimegisto –“Caibalion”), entre esses princípios: “Vibração”; “Ritmo” e “Gênero”.
Esse ser, apesar de não ter conseguido acreditar nesse deus, como caracterizado, apesar de não explica-Lo, O entende como mistério, enigma não decifrável, sabe de Sua existência por percebe-Lo em Sua ideação cósmica - os Universos, as galáxias, os sistemas estelares, o sistema solar, a Terra e seus reinos, e em Seus códigos - Leis Maiores, que a tuto e a todos regem.
Tal ser, certamente, não é ateu.