As moedas de Caronte
Eis que dar o óbolo de Caronte antes de seu sepultamento era um pagamento para o barqueiro que conduzia as almas através do rio que dividia o mundo dos mortos. O costume originariamente era associado aos gregos antigos e romanos, embora também encontrado no Antigo Oriente. A moeda de Caronte valia um drama e dependendo do padrão era utilizado cobre ou prata. Entre os gregos as moedas em túmulos são às vezes uma dânaca podendo ser de ouro, prata ou bronze, e até cobre de uso local. Esse pagamento era a provisão para jornada na morte, era um efódio, ou seja, a provisão para um jornada. As moedas fantasmas aparecem com os mortos. Caronte era o barqueiro do submundo, sendo responsável em conduzir as almas dos recém-mortos sobre as águas dos rios Estinge e Aqueronte, que separaram o mundo dos vivos e os mundo dos mortos. Recebia as almas dos mortes de Hermes que as recolhia no mundo superior e guiava até as margens do Rio Aqueronte. Só transportava as almas cujos corpos tivessem sido enterrados com uma moeda debaixo da língua, com a qual pagavam a travessia. Nenhum vivo poderia atravessar o rio no barco de Caronte, a não ser que carregasse um ramo de acácia, que era a árvore consagrada a Perséfone, consorte do deus do submundo Hades. Além de Caronte, somente os deuses Morfeu, Hécate, Hermes e Tânatos tinham livre acesso ao mundo subterrâneo e só alguns poucos mortais se arriscaram a atravessar tais como Héracles, Enéias, Orfeu, Tseus e Pirítoo. Caronte era feio e barbudo, tinha um nariz torto e usava um chapéu cônico e uma túnica, Era mostrado de pé em seu barco, com a mão direita segurando um remo e recebendo com mão esquerda uma alma trazida por Hermes. As crenças pagãs do mundo greco-romano e as crenças cristãs concebiam a Vida Eterna e a salvação da Alma através do Juízo Final. Contudo, enquanto que a tradição greco-romana concebia um destino final para todos, o mundo cristão não definira o destino das almas das crianças não batizadas, dos pagãos e daqueles que tinham sofrido uma morte prematura e violenta sem antes terem expiado os seus pecados. A criação do conceito de Purgatório e a perspectiva de um Limbo e do Inferno, terá feito ressurgir na Península Ibérica o óbolo de Caronte. Este era encarado como um donativo para que os cristãos pudessem alcançar a vida eterna e assim expiarem os seus pecados. Esta prática terá perdurado até ao século XVII. O funeral era um ato público, uma cerimónia oficiosa com cortejo fúnebre, velas e orações. No centro da celebração estava o defunto, que entregava a Alma a Deus e o Corpo à terra. O destino final do corpo deveria ser acautelado pela Igreja e pelas confrarias religiosas que o preparavam para as cerimónias fúnebres, conforme o que o defunto havia pré-definido, e era colocado num ataúde (caixão) ou sepultado diretamente num covacho. À família competia perpetuar os rituais cristãos para a salvação da Alma através de donativos e orações. Com o tempo, não fica difícil entender por Plutão, deixou de ser planeta, sendo rebaixado para plutoide em 2006, frio e distante e isolado na divisa entre o sistema solar e o espaço aberto, ganhou o nome do deus grego do submundo (Inferno) tendo como companhia quatro satélites, dentre estes Cérberus que era um cão que protegia os portões do submundo. Sim, Caronte tinha um irmão gêmeo, chamado Corante. Tentou roubar a caixa de pandora, porém, Caronte fora flagrado por Zeus e recebeu a tarefa de transportar os mortos. Inicialmente, fazia a travessia com seu irmão gêmeo Corante. Os irmãos utilizava um remo e ainda dividiam as moedas. Depois descobriu que o irmão estava lhe furtando e então brigaram por treze meses e vinte e oito dias. E, com isso, os mortos ficaram vagando, sem quem os conduzisse para o outro lado. Passado o tempo, Caronte afogou seu irmão. Nesta hora, o corpo de Corante se dissolveu tingindo o rio de vermelho.