Realmente, a Proclamação da República em 1889 foi bem mais que mero episódio na História do Brasil. Foi a transição de um regime monárquico para o governo republicano que antecedeu ao que hoje é considerado sistema democrático. Abordamos algumas curiosidades sobre o referido evento histórico, a saber:
O militar Marechal Deodoro da Fonseca que atuou como líder do golpe de Esta era um sincero simpatizante da monarquia brasileira. Deodoro da Fonseca era um monarquista. Amigo de Dom Pedro II, foi convencido pelos republicanos depois de muita insistência
Ab initio, a referida Proclamação foi marcada para o dia 20 de novembro, porém, fora antecipada para o dia 15, em face dos boatos que ameaçavam os planos de Deodoro da Fonseca. A proclamação deu-se em plena madrugada.
Diante do anúncio do novo governo, doravante republicano, a família real buscou exílio em Lisboa e, Dom Pedro II, ainda deixou uma mensagem para o povo, in litteris: “Cedendo ao império das circunstâncias, resolvo partir com toda a minha família para a Europa amanhã, deixando esta pátria de nós estremecida, à qual me esforcei por dar constantes testemunhos de entranhado amor e dedicação durante quase meio século, em que desempenhei o cargo de chefe de Estado. Ausentando-me, eu com todas as pessoas de minha família, conservarei do Brasil a mais saudosa lembrança, fazendo votos por sua grandeza e prosperidade”;
Diferentemente do que alguns acham, não houve guerras e nem mortos durante a transição republicana;
A legitimidade popular do regime republicano só ocorreu cento e quatro anos depois da Proclamação, no dia 21 de abril de 1993, quando se deu um plebiscito para a escolha do sistema de governo no país, onde o sistema presidencialista recebeu quase noventa por cento dos votos válidos;
O primeiro a dar o grito da República foi o sargento-mor e vereador de Olinda Bernardo |Vieira de Melo. O militar em questão estava insatisfeito com a exploração abusiva do país pelos monarcas portugueses, desde 1710.
Ao proclamar a República, o Marechal Deodoro da Fonseca estava com dispneia (falta de ar) e fora retirado da cama no meio da norte para comandar o cerco ao Ministério. Naquele momento foi sem espada, pois seu ventre estava muito dolorido. E, o cavalo baio que utilizou não foi montado até a sua morte, em 1906. Deodoro havia decidido apoiar os republicanos quatro dias antes. “Eu queria acompanhar o caixão do imperador, que está idoso e a quem respeito muito. Mas o velho já não regula bem.
Portanto, já que não há outro remédio, leve à breca a Monarquia. Que venha, pois, a República”, disse. Quando passou pelo portão do Ministério da Guerra, o marechal acenou com o quepe e ordenou às tropas que se apresentassem. As tropas se perfilaram e ouviram-se os acordes do Hino Nacional. Estava proclamada a República. Não houve derramamento de sangue
Mesmo depois de proclamada a República, ninguém quis levar o telegrama com a notícia para D. Pedro II, que estava em seu palácio em Petrópolis. No meio da noite, o major Sólon Ribeiro foi ao encontro do Imperador, que teve que ser acordado.
Com medo de manifestações a favor da monarquia, os líderes do movimento pediam que D. Pedro II e sua família partissem naquela mesma madrugada. Dizem os relatos que a Imperatriz Tereza Cristina chorou, que Isabel ficou muda e que o Imperador apenas soltou um desabafo: “Estão todos loucos!”
No momento de embarcar, o imperador recebeu um convite de seu sobrinho, D. Carlos, rei de Portugal, colocando à sua disposição um dos seus palácios em Lisboa. Pedro agradeceu, mas não aceitou a oferta. Anos depois, Pedro II morreu deitado num travesseiro que ele encheu com terra brasileira.
No dia 5 de dezembro de 1889, o navio Alagoas chegou a Lisboa. A viagem da família real durou 18 dias. Apesar de ter sido recebido com honras, ele preferiu se hospedar com a imperatriz Teresa Maria num hotel na cidade do Porto. Depois de 23 dias, Teresa Cristina faleceu no quarto do hotel.
A abolição da escravidão, em 1888, foi um dos agravantes para a perda de prestígio da monarquia, colocando as elites agrícolas como importantes aliados da conspiração republicana. Com o decreto da Lei Áurea, os grandes proprietários rurais acabaram não sendo indenizados pela Coroa pela libertação dos escravos. Com esse sentimento de revolta, aderiram à causa da República mais como vingança do que por idealismo.
Em 15 de julho de 1889, o imigrante português Adriano Augusto do Valle, então com 20 anos, tentou executar Dom Pedro II na saída de um espetáculo. Bradando frases de exaltação à República, Valle atirou contra a carruagem do Imperador, mas não conseguiu atingir o alvo. Horas depois, foi encontrado pela polícia em um bar, bêbado, vangloriando-se de ter atirado contra o regente.