Rumo ao Sol Nascente
Quando criança meu interesse pela cultura japonesa se resumia a acompanhar as aventuras do herói espacial robô Spectreman — velhíssimo tokusatsu exibido no Brasil a partir da década de 80 inicialmente pela Rede Record e depois pelo SBT — e aqueles filmes genéricos de ninjas, que nem produções japonesas eram.
Um dia vi numa revista a fotografia de um lindo sol incidindo sobre um templo oriental, dessa época em diante comecei a acalentar o sonho de ver o Sol nascer no Japão.
Imagino como deve ser incrível testemunhar o momento exato em que a primeira luz do dia ilumina o céu, as montanhas, os templos e as cidades do arquipélago japonês.
Li em algum lugar que agora me foge à memória que o Japão é famoso e conhecido como o país do sol nascente, porque foi um dos primeiros locais a receber o Sol na antiguidade. Então acho que isto é muito simbólico, pois o Sol representa a vida, a energia, a esperança, a grandeza e a beleza.
Eu gostaria de estar em algum lugar especial para ver esse espetáculo da natureza. Talvez em uma praia, onde pudesse sentir a brisa do mar e ouvir o barulho das ondas. Ou quem sabe, em um jardim, onde eu pudesse admirar as flores e as árvores. Ou ainda, em um santuário, onde eu pudesse sentir a paz e a espiritualidade.
Sei que o Japão tem muitos lugares assim, que combinam a tradição e a modernidade, a cultura e a natureza, o sagrado e o misterioso.
Ver o nascer do Sol no Japão seria uma experiência única e inesquecível. Eu me sentiria mais conectado com o mundo das gueixas e dos antigos guerreiros samurais; com a história, com a arte e com esse povo laborioso, disciplinado e perseverante.
Agradeceria por estar vivo e por ter a oportunidade de contemplar tanta beleza, e ainda por conhecer uma cultura tão diferente da minha. Observar como um bom estudante, assimilar o que houver de melhor, como o faria o dedicado aprendiz e praticar suas virtudes como fiel discípulo.
Por fim, escreveria uma crônica bem melhor do que esta para compartilhar os meus sentimentos e as minhas impressões. Eu guardaria essa lembrança no meu coração até o túmulo ou até o próximo renascimento, como ensina o budismo.
A presente crônica foi contemplada com uma menção honrosa no 38.º PRÊMIO YOSHIO TAKEMOTO (CRÔNICA) promovido pela Associação Cultural e Literária Nikkei Bungaku do Brasil e publicada na edição 77, novembro de 2024, da revista Brasil Nikkei Bungaku.